O Salão Nobre da Câmara Municipal da Covilhã encheu-se de um público atento e interessado para a Conferência «Novos e velhos desafios nas organizações da Economia Social», organizada pela Santa Casa da Misericórdia da Covilhã.
E se o tema já era de «per si» interessante, o lote de palestrantes aumentou as expectativas, que não saíram goradas, pela reflexão que provocaram nos presentes.
O presidente da CNIS começou por enumerar os vários desafios que o sector enfrenta no presente e no futuro, pois este chega, cada vez mais, depressa.
“As novas dinâmicas familiares, a sustentabilidade das instituições, as redes colaborativas, as demências, a transparência, as alterações climáticas, a natalidade e o envelhecimento, a qualidade dos serviços, o conhecimento, capacitação e inovação, as novas formas de cooperação, a inovação tecnológica, a interinstitucionalidade, a igualdade, equidade e subsidiariedade, o primado das pessoas e a solidariedade” são, no entender do padre Lino Maia, as grandes questões que se colocam ao Sector Social Solidário.
E, por isso, considera serem necessários “novos modelos de organização e financiamento, boas práticas de gestão, promover o envolvimento das comunidades, perseguir a eficiência energética, pois há muito caminho a percorrer”, sendo que “é fundamental acautelar a sustentabilidade financeira das IPSS, que em muitos lugares são as únicas instituições no território”, rematando: “O Estado é corresponsável pela sustentabilidade financeira das instituições”.
Por seu turno, Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), depois de lembrar que “os lares são antecâmaras dos Cuidados Continuados” e que é necessária uma “mudança do paradigma do Serviço de Apoio Domiciliário”, considerou que o cenário demográfico nacional “não é brilhante, mas é desafiante”.
Nesse sentido, defendeu que para atacar este “problema estrutural” é preciso criar uma “linha de serviço autónoma para a terceira idade”, “trabalhar integradamente”, “ir à frente, pois não basta ter o know-how”, ter “voz política”, “ser rigorosos na gestão para ter sustentabilidade” e ter “capacidade de gestão, unidade e força” para prosseguir o trabalho e a missão.
Já Eduardo Graça, presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social), considerou que “tem havido melhoria nos modelos de gestão das entidades da Economia Social”, mas “é necessário uma renovação dos dirigentes, tal como mais capacitação e formação e também mais mulheres nas direções das instituições”.
A fechar, Eduardo Graça, referindo-se à saída da vida pública do ministro Vieira da Silva, sustentou que “o novo ministro terá que ter sensibilidade para tutelar este sector”.
No seguimento, o padre Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal, lembrou a necessidade de “novas políticas”, porque “não há pessoas em situação de pobreza, há famílias em situação de pobreza”.
Considerando que “esta luta deve envolver toda a sociedade e o Estado deve ter papel central”, sublinhou a “ausência de uma estratégia nacional clara de combate à pobreza”, que “se que contar com as instituições sociais compromete a ação das próprias instituições”.
A terminar, o padre Jardim Moreira afirmou que “o sector está fragmentado” e que “as organizações trabalham pouco em rede”.
Por seu lado, Carlos Andrade, do Centro Português de Fundações, alertou para a “deriva ideológica em favor do Sector Estatal, uma visão que não tem limites”, para recordar o que se passou com o ATL e, agora, com o Pré-escolar.
“O desaparecimento da rede solidária do Pré-escolar está em curso”, alertou.
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