1. O XXII Governo Constitucional tomou posse perante o Presidente da República e acaba de apresentar o seu programa na Assembleia da República.
Tudo bem: "missão cumprida e sem complicações"…
Tendo o seu programa como eixos orientadores os desafios das alterações climáticas, da demografia, das desigualdades e da sociedade digital, criatividade e inovação, é com a sua execução, que se pretende que seja boa, que o País se vai confrontar durante esta Legislatura que só agora teve o seu início.
Tanto a conjuntura parlamentar como a política permitem prever estabilidade. Como muitos parece quererem…
2. Se no programa do Governo a cooperação com o Sector Social e Solidário como que passa despercebida, tanto direta como indiretamente, porém, todo o programa tem impacto no Sector e certamente supõe concertação.
E entre todas as suas propostas, algumas orientações merecem ser destacadas.
Na área da proteção social:
Na área da educação:
Na área da saúde:
Em matéria de rendimentos e política salarial, o novo Governo quer que o salário mínimo nacional avance progressivamente dos atuais 600 euros para os 750 euros em 2023 e pretende ir além da questão do salário mínimo nacional, através da negociação, em sede de Concertação Social, de um acordo de médio prazo sobre salários e rendimentos. O que inequivocamente se saúda.
3. Sendo o Sector Social e Solidário um importante pilar do Estado Social e o principal agente na proteção social direta, estranha-se o quase desconhecimento da cooperação no programa do Governo já que as anteriormente citadas e outras orientações não serão viáveis sem o seu contributo. Todavia, o XXII Governo Constitucional pode contar com a sua total mobilização. Como sempre assim foi e sempre assim será.
Mas com uma salvaguarda: se o Governo, e muito bem, pretende que, sem medo, se avance em matéria de rendimentos e política salarial, tem exatamente nesse percurso um valor referencial para assumir a sua corresponsabilidade na sustentabilidade do Sector Social e Solidário.
No período de uma legislatura uma atualização progressiva e assumida na cooperação que, globalmente e na mesma percentagem, acompanhe o aumento do salário mínimo é simplesmente o mínimo que se espera de um Governo que dá prioridade às pessoas.
Até porque, para a estabilidade que se deseja, não será menos importante a sustentabilidade do Sector Social e Solidário do que a conjuntura parlamentar e política.
Lino Maia
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