Com o intuito de traçar um retrato da situação das IPSS a nível nacional perante a pandemia do novo coronavírus, fica o testemunho dos responsáveis pelas diversas estruturas intermédias da CNIS. Assim, aos dirigentes das Uniões Distritais e das federações da área da Deficiência que integram a CNIS foram colocadas duas questões sobre o momento atual.
HORÁCIO SANTIAGO, UDIPSS Coimbra.
1 – Que balanço faz da pandemia nas IPSS do distrito?
"As IPSS são essenciais. Foi com preocupação e incerteza que recebemos as notícias de Itália e Espanha e, mais tarde do norte de Portugal, com imagens de ansiedade, cansaço, desespero e dor de utentes, colaboradores e diretores de instituições invadidas pelo novo coronavírus. Sem testes e EPI e sem os poder adquirir, por manifesta falta de meios financeiros, decorrente dos efeitos da recessão da primeira década, ou porque não os havia no mercado, sentimos medo. Sentimo-nos, também, invadidos, sós e desamparados. Felizmente, em Coimbra, os casos de Covid-19 não foram muitos, nem demasiado severos. Num contexto de 250 IPSS, 500 respostas sociais para idosos, 15.000 utentes e 5.000 colaboradores, houve cerca de 100 infetados, distribuídos por uma dezena de instituições e, sobretudo, muito poucos óbitos, pelo que tem que se considerar uma boa performance das instituições, que mostraram estar preparadas, organizadas, com planos de contingência aprovados e, no geral, eficientes. A origem dos casos veio de fora e foi difícil detetar para não transmitir a colaboradores e utentes. Um agradecimento aos colaboradores (nem todos) que, heroicamente, exaustos e angustiados, continuaram a dar apoio e carinho a milhares de idosos. Uma palavra também aos diretores que, voluntária e afincadamente, se mantiveram ao leme dos barcos, solidários com os colaboradores, e aos autarcas que estiveram presentes, apoiando as instituições. Alguns foram fundamentais, mostrando como conhecem e reconhecem o mérito das instituições dos seus concelhos e freguesias. Bem hajam".
2 – Como perspetiva o futuro próximo?
"O futuro vai ser muito difícil. Estamos perante a maior recessão mundial. O desemprego vai subir assustadoramente, as famílias vão ter mais dificuldades e vão assumir o acompanhamento dos pais e a guarda dos filhos. As comparticipações familiares vão voltar a descer e a Segurança Social vai repetir a tentação de pedir revisões em baixa. A receita vai, inevitavelmente, descer. Adaptar instalações, recrutar colaboradores e cumprir novas exigências, vão aumentar a despesa exponencialmente. O futuro das IPSS vai ser difícil e exigente, com qualidade e rigor, porém, vai haver futuro, porque as instituições são constituídas por iniciativa de particulares, com o propósito de dar expressão organizada ao dever moral de justiça e de solidariedade, contribuindo para a efetivação dos direitos sociais dos cidadãos. E porque as IPSS são essenciais, salve-se, o assumido, finalmente, pelos governantes".
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