Com o intuito de traçar um retrato da situação das IPSS a nível nacional perante a pandemia do novo coronavírus, fica o testemunho dos responsáveis pelas diversas estruturas intermédias da CNIS.
Assim, aos dirigentes das Uniões Distritais e das federações da área da Deficiência que integram a CNIS foram colocadas duas questões sobre o momento atual.
RUI REIS, UDIPSS Guarda.
1 – Que balanço faz da pandemia nas IPSS do distrito?
"Fazendo um retrato aos últimos dois meses, podemos dizer que as IPSS do distrito da Guarda souberam de forma gradual adaptar-se para satisfazer as necessidades dos seus utentes e, ao mesmo tempo, verem cumpridas as orientações que a DGS emanava regularmente. Foi uma aprendizagem que exigiu de todos um compromisso generalizado e atento, com o confinamento motivado pela pandemia. Algumas instituições tiveram de tomar decisões de extrema importância na defesa das regras de saúde pública, promovendo o encerramento das visitas nas ERPI e o encerramento das creches, infantários, CATL e outras respostas. O nosso Sector Social Solidário no distrito viu-se a braços com esta crise, de forma completamente desarticulada com os outros setores da sociedade civil, sem poder contar com o apoio das entidades ligadas à tutela, nem de um trabalho de base e de parceria com os vários municípios e outras entidades. O trabalho em parceria não existiu e algum foi realizado de forma desordenada e desarticulado com os vários atores sociais. Acentuámos esta tónica ao longo dos últimos dois meses em que as instituições tiveram de resolver elas próprias os seus problemas, tomar as medidas para proteger os seus utentes e colaboradores, gastar aquilo que não tinham, sem que houvesse uma estreita colaboração e interajuda com as demais entidades distritais. Ressalva-se no inexistente trabalho de parceria, o contributo de alguns municípios na testagem de colaboradores dos lares afetados pela Covid-19 e a forte ajuda de grupos que se organizaram na sociedade. Um apontamento de extrema importância e que nos enche a todos de orgulho foi a entrega inexcedível, o forte empenho e dedicação de todos os colaboradores das instituições".
2 – Como perspetiva o futuro próximo?
"A visão que temos para a fase de desconfinamento preocupa os dirigentes das instituições, pois tem de ser feita uma adaptação e avaliação gradual de medidas, na incerteza se o caminho que trilhamos é o mais correto e adequado. As adaptações que tem de ser realizadas nas creches, nas ERPI e noutras respostas vão exigir muito de cada IPSS, num cenário em que se aumentam exponencialmente as despesas com a implementação de normas e uso de EPI de forma obrigatória nos próximos tempos de pandemia. Não podemos descurar os lares de apoio da área da Deficiência, LIJ e centros de acolhimento de crianças, os dois últimos com graves problemas motivados pelos parcos recursos materiais, educativos e de recursos humanos no apoio à atividade escolar pelo encerramento das escolas. Todos sabemos que não vamos ficar bem e que esta crise vai trazer um novo paradigma no apoio social às populações. Assim o Estado seja empenhado e contribua para nos ajudar a transformar a vida de uma sociedade injusta e também ela carregada de incertezas".
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