O primeiro-ministro, António Costa, expressou solidariedade às instituições sociais pela incompreensão de que têm sido vítimas, rejeitando, como cidadão, que estejam a "ser crucificados na praça pública" aqueles "que dão o melhor" no combate à pandemia.
Num discurso na cerimónia de assinatura de declaração de compromisso de parceria para Reforço Excecional dos Serviços Sociais e de Saúde e lançamento do programa PARES 3.0, no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, António Costa considerou que se pode "contar com as instituições da economia social e solidária para uma sociedade mais solidária e para que o Estado possa cumprir melhor a sua função".
"E queria nesta ocasião expressar a todos, àqueles que dirigem e trabalham nas IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social], que dirigem e trabalham nas misericórdias, nas mutualidades, nas cooperativas a minha solidariedade pessoal pelo enorme esforço que tem sido feito ao longo destes meses", enalteceu.
O primeiro-ministro manifestou ainda a sua "solidariedade também pela incompreensão que muitas vezes têm sido vítimas quando têm necessidade de enfrentar situações em que nem os países mais desenvolvidos estavam preparados para enfrentar".
"Mas quero aqui dizer que, como cidadão, e não falo agora como primeiro-ministro, não posso aceitar esta forma como têm vindo a ser crucificados na praça pública, de uma forma tão injusta, aqueles que dão o melhor do ponto de vista solidário para responder às necessidades seja das crianças, seja dos idosos, seja dos deficientes, seja de todos aqueles que estão a cargo das instituições de solidariedade social", condenou.
O chefe do executivo afirmou que "não é possível que não haja falhas", mas considerou que a cada falha se aprende e se tem "uma vontade acrescida de as superar, de as prevenir, de as evitar, com certeza que assim tem de acontecer".
"É fácil ficar no nosso consultório e passar o dia a falar por videoconferência para as televisões, opinando sobre o que acontece aqui e ali. O difícil é fazer o que vocês fazem, o que as vossas instituições fazem, que é no dia a dia ter de cuidar efetivamente de quem está a precisar de cuidados", atirou.
A primeira intervenção na sessão foi da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, cujo trabalho, empenho e cooperação foi elogiado pelos representantes do setor social presentes na cerimónia.
"Sublinho mesmo, com o seu caráter de 'non-stop' sempre encontrámos na senhora ministra agregação, compreensão, determinação e mobilização congregadora. Nunca nos sentimos sós e com ela temo-nos sentido muito bem", enalteceu Lino Maia, da CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade).
Também Rogério Cação, presidente da Confecoop (Confederação Cooperativa Portuguesa), dedicou as primeiras palavras à "total solidariedade e apreço para com a senhora ministra do Trabalho".
"Isto até parece uma encomenda, toda a gente diz o mesmo, mas sabem que eu com idade que tenho já não faço fretes nem a ninguém nem em nenhuma circunstância", assegurou.
Assim, Rogério Cação explicou que esta manifestação de apreço e reconhecimento são totalmente justas para quem, como Ana Mendes Godinho, "numa conjuntura dominada pelo desconhecido, muito complexa, esteve sempre na linha da frente, na procura das soluções, assumindo uma parceria incontornável com as organizações e promovendo um diálogo de proximidade, que nem sempre é fácil".
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