UM ANO DE PANDEMIA NAS IPSS DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Instituições tiveram um comportamento exemplar, responsabilidade e competência

A especificidade da Região Autónoma dos Açores, com nove ilhas e apenas três hospitais manteve os responsáveis das IPSS insulares sempre muito atentos e interventivos para que a Covid-19 não fizesse mais estragos do que os que acabou por fazer.
“Como é do conhecimento geral, andámos todos no início a tentar perceber como é que podíamos executar o nosso trabalho nas IPSS, tendo como objetivo correr o menor risco possível para proteger aqueles de quem cuidamos diariamente”, afirma João Canedo, presidente da URIPSSA – União Regional das IPSS dos Açores, com quem o SOLIDARIEDADE conversou via e-mail.
“Foi importante termos tido, desde o início, informações privilegiadas da CNIS, que muito nos ajudaram a podermos ter uma melhor perceção dos riscos e como os evitar, dentro do possível”, acrescentou.

SOLIDARIEDADE - Que balanço é possível fazer de um ano de pandemia nas IPSS do Arquipélago?
JOÃO CANEDO - Posso afirmar que todas as IPSS dos Açores tiveram um comportamento exemplar no combate à Covid-19, através de um trabalho responsável e competente. Desde o início que tivemos o auxílio do Governo Regional, que sempre prestou o seu apoio às IPSS, mesmo quando estas estiveram fechadas, efetuando o pagamento integral do valor padrão nas várias valências, o que nos ajudou muito na nossa sustentabilidade.

A situação geográfica e o facto de serem ilhas favoreceu a luta contra a pandemia?
Pois sendo nós nove ilhas e cada uma com as suas especificidades, isto é, algumas ilhas possuem um maior número de instituições e de utentes, enquanto outras possuem menos instituições, a nossa preocupação constante prendeu-se com o facto de existirem somente três ilhas com hospitais, pelo que era e é importante termos todas as medidas de proteção ao nosso dispor para evitar haver contágios. Tivemos também sempre a informação e apoio do Governo Regional dos Açores, através da equipa da Secretaria Regional da Solidariedade Social, que nos acompanhou e apoiou.

Qual o momento mais difícil que as IPSS do Arquipélago viveram neste período?
O momento mais premente e mais difícil foi quando tivemos uma ERPI/Misericórdia infetada com Covid-19, que infelizmente levou à morte de vários idosos. Este foi o momento mais preocupante e difícil.

Como caracteriza a resposta das IPSS do Arquipélago no combate à pandemia e na proteção dos utentes?
Como disse, foi de um trabalho responsável, profissional e muito humano. A maioria dos trabalhadores não olharam para as suas categorias profissionais e fizeram tudo o que era necessário para o bem-estar dos utentes.

Qual o ponto da situação do processo de vacinação de utentes e trabalhadores?
O Governo Regional, através da Vice-Presidência começou o processo de vacinação pelas ERPI. Iniciámos a vacinação a 31 de dezembro de 2020 em duas ilhas em simultâneo e hoje temos todos os utentes e funcionários vacinados. O processo decorreu muito bem e foi exemplar.

E a testagem tem sido efectiva para salvaguardar qualquer surto?
A testagem dos funcionários das ERPI e lares residenciais tem sido efetuada desde junho de 2020, e mensalmente, e este ano passou a ser quinzenal até ao mês de março, estando agora a ser novamente mensal, mesmo após o processo da vacinação estar concluído.

A situação no Continente, que em 2021 tem sido muito diferente da do Arquipélago, gerou preocupação e levou a algum reforço de medidas?
Claro que sim, as notícias que nos chegavam do Continente, nomeadamente o número de mortes e contaminações em ERPI, eram uma fonte de apreensão e preocupação e ao longo deste ano sempre fomos solidários com os nossos colegas das IPSS e seus utentes. É claro que mantivemos sempre uma maior apreensão e cuidados nas nossas IPSS.

Como olham as IPSS para o futuro próximo, quando sabemos que muita gente perdeu rendimentos e quando se perspetivam tempos difíceis a chegar?
Como tenho sempre o meu lado otimista e acho que as IPSS, ao longo dos anos, se têm reinventado notoriamente, com trabalho, inovação e solidariedade, faz-me acreditar que vamos ficar mais fortes, trabalhando no sentido de sermos sustentáveis e podermos apoiar a nossa comunidade. A nossa comunidade e o poder político instalado atualmente começaram a reconhecer o nosso trabalho, imprescindível, com outros olhos. Por esta razão, acredito que vamos todos ultrapassar as dificuldades presentes e continuar a promover um trabalho de apoio com qualidade à nossa comunidade. Acho que está na altura da Autoridade de Saúde Regional rever as medidas atuais de confinamento às IPSS nos Açores. Os nossos idosos estão confinados há mais de um ano com medidas muito rígidas, o que lhes tem provocado vários tipos de problemas, desde cognitivos a emocionais, bem como sociais, nomeadamente no contacto com as famílias. Acho que é tempo de reavaliar estas medidas e possivelmente alargá-las.

 

Data de introdução: 2021-05-06



















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