À imagem do bispo de Roma, Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, pratica um estilo de intervenção pastoral pouco canónico, quer no discurso quer no comportamento pessoal. A proximidade, a descontração, a disponibilidade, a amizade, a simpatia, o empenho, a energia e a inteligência são características identificadas por quem o conhece de perto e há muito. O facto de ser bispo não as obliterou.
Aos 47 anos é um dos bispos portugueses mais jovens e mais influentes. Porque merece, mas também porque gosta do risco dos grandes desafios como é o caso da organização das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa, no verão de 2023, com a presença do Papa Francisco, seu exemplo.
Américo Aguiar trabalhou com três bispos do Porto: D. Armindo Lopes Coelho, D. António Francisco dos Santos e D. Manuel Clemente, agora Patriarca de Lisboa.
Em 2011 a 2020 foi presidente da Irmandade dos Clérigos, liderando a requalificação da Torre e Igreja dos Clérigos, abrindo-as aos portuenses e aos turistas. Fez o mesmo com a Igreja de Santa Clara.
Américo Aguiar nasceu em Leça do Balio, Matosinhos, foi ordenado sacerdote em 2001 e bispo em março de 2019, na igreja da Trindade, no Porto.
É licenciado em teologia e tem um mestrado em ciências da comunicação. É também presidente do conselho de gerência do grupo Renascença multimédia.
SOLIDARIEDADE - Estamos em plena crise política, à espera das eleições marcadas para 30 de janeiro do próximo ano. Como vai o país sair disto?
AMÉRICO AGUIAR – (RISOS) Como vamos sair não sei. Que iria acontecer um dia, isso eu sabia. Se não tivesse acontecido agora seria no próximo ano. Os partidos começaram a fazer contas eleitorais. O partido socialista, o BE e o PCP começaram a avaliar os prós e os contras da solução que permitia a estabilidade governativa. As últimas eleições, as autárquicas e presidenciais, davam uma leitura de desgaste do que significa estar colado à responsabilidade da governação. Os partidos que têm maior tendência para uma oposição forte, de rua, começaram a sentir dificuldades por estarem numa situação de cumplicidade com o governo. Houve uma sensação de incompatibilidade entre a garantia de governabilidade e a necessidade de serem partidos de reivindicação. Não sei se acertaram nos cálculos da melhor oportunidade. Faço uma leitura semelhante à do Presidente da República. Recuperámos de uma crise económica, entrámos num momento histórico único por causa da pandemia, estamos todos ligados à máquina... Agora que víamos a luz ao fundo do túnel dizem-nos: vai tudo abaixo, vamos começar de novo. Temo que depois das eleições possa ficar mais ou menos tudo na mesma.
Sem condições para maiorias de governo...
Vem-me à memória aquilo que foi a ousadia, que eu apreciei, do dr. António Costa que transformou uma derrota numa maioria que permitiu a governação. Foi a primeira vez em democracia que não se respeitou o acordo tácito de que quem ganha governa.
E essa solução durou seis anos.
Exatamente. O balanço há de ser feito pelo povo, mas agora em todas as noites eleitorais temos o pescoço no machado. Não interessa quem ganha, mas quem consegue conjugar o número mágico para constituir governo e eu não sei se, nesse caso, se pode dizer que essa é a vontade dos portugueses...Tenho esperança de que a campanha eleitoral convença os portugueses a, em primeiro lugar, combater a abstenção e convencer os portugueses de que este não é um momento para se ficar em casa, e depois pode acontecer a formação de uma maioria, seja ela de direita ou de esquerda, ou até que um dos partidos reúna condições de governação maioritária.
Este hiato temporal é problemático para as instituições sociais da Igreja?
A especialidade das nossas instituições, sobretudo da área sócio caritativa, é viver em ambiente de estado de sítio. A nossa normalidade é viver aflitos, no que aos orçamentos diz respeito. Nós sabemos que os nossos utentes estão nos limites, muitos até abaixo dos limites daquilo que é a dignidade e os direitos humanos, mas a normalidade da vida das instituições é sempre muito aflitiva. O prolongamento da indefinição pode piorar a situação das instituições e consequentemente na vida dos utentes. Espero que este delay de tempo que vai acontecer não traga um suplemento de dificuldades para além daquilo que é o normal.
Considera que o Estado tem-se encolhido na obrigação de apoiar as Instituições do sector social solidário?
O Estado somos nós. Nós delegamos numa estrutura o exercício de direitos e deveres. De vez em quando somos chamados, nós os soberanos, somos chamados a tomar decisões importantes como as eleições legislativas que se aproximam. Eu olho para o território do nosso país e vejo sempre uma riqueza enorme no que é a vida das instituições de origem na sociedade civil. Quando olhamos para o sector sócio caritativo ainda mais. Noto com alguma perplexidade que, às vezes, encontramos líderes políticos, com responsabilidades significativas de governação ou oposição, ao longo do tempo, com algum incómodo em relação ao que significa entenderem e acolherem a normalidade do exercício destas instituições na vida pública. Sinto, por vezes, nos discursos uma tentativa de eliminação dessas existências, uma radicalização que defende que a área social deve ser uma prestação de serviços exclusiva da parte do Estado. É um disparate. Basta ter atenção ao número de instituições e utentes que existem, incentivados pelo próprio Estado, desde a construção dos equipamentos, aumento das valências, ciclos de financiamentos da segurança social e da Europa. Parece-me estranho que por vezes pareça que o desejo é que não sobrevivam. Eu aplaudo os dirigentes, sejam autárquicos ou nacionais, que pratiquem a subsidiariedade, de otimização de sinergias e a implementação de verdadeiras redes sociais.
A cooperação do Estado com o sector social solidário tem-se degradado. Do ponto de vista económico, a comparticipação baixou para menos de 40 por cento dos custos das respostas sociais. A sustentabilidade das instituições está em causa?
Eu estive recentemente num encontro em que estavam o padre Lino Maia, da CNIS, o Manuel Lemos, das Misericórdias e o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, em que todos reconheciam que houve uma derrapagem de décadas por parte do Estado, na comparticipação dos custos de funcionamento pondo em causa a gestão sustentada das instituições espalhadas pelo país. Nós somos os primeiros a defender o aumento do salário mínimo, mas somos os primeiros a suportar as consequências desse aumento. As instituições estão no osso, já não há gorduras nem carne, e ainda assim, defendemos a melhoria das condições de remuneração dos trabalhadores, reconhecendo o trabalho duro que fazem todos os dias, merecendo ganhar o dobro ou o triplo do que ganham. Não é possível. Sempre que há uma decisão de aumentar o salário mínimo tocam as sinetas da sustentabilidade das instituições porque andámos sempre muito longe daquilo que é o compromisso do que o Estado manifestou há muito. E depois ainda ter que ouvir, de vez em quando, alguém dizer que as instituições andam a viver à custa do Estado. É só ver as contas... Quando olhamos para a realidade das IPSS, o esforço que fazem permanentemente, a resposta que deram na pandemia - e já tinham dado na crise económica anterior -, e ouvimos os representantes políticos a reconhecer que o sector social foi a travesseira, o para-choques de muitas famílias, eu só tenho pena que isso não tenha uma consequência prática. É a segunda vez que o sector é fundamental para salvaguardar a vida de portugueses mais fragilizados e isso devia ser suficiente para não ter que mendigar a justiça na cooperação com o Estado.
Tem a seu cargo a organização das Jornadas Mundiais da Juventude, no verão de 2023. É um desafio supremo...
Sim, é único. Há a preocupação, desde o início, quer do Papa Francisco quer do Patriarca de Lisboa, de chamar ao protagonismo, na preparação e organização da jornada, um número cada vez mais significativo de jovens. Queremos que eles sejam verdadeiramente os protagonistas das jornadas. Vamos tomando consciência que é um acontecimento esmagador. Estamos a falar de um evento em que logisticamente faz ombro com os Jogos Olímpicos. É qualquer coisa que nos esmaga, mas também nos torna conscientes das nossas limitações. Um dos segredos das jornadas em todos os países é nós darmos tudo e quando estamos no limite de desfalecermos, por já termos esgotado todas as nossas capacidades, nós acreditamos que Deus providencia. Mas este desafio é único e eu aqui tenho que reconhecer que o Estado, com quem temos estado a falar, o sr. Presidente da República, o Primeiro-ministro, os vários Ministérios do governo, as câmaras de Lisboa e de Loures, todos têm colaborado. Vai ser bom para Portugal, para os portugueses, para os jovens do mundo inteiro.
É uma espécie de Web Summit da Igreja Católica?
Os números esmagam, nós estamos a falar de centenas de milhares de jovens do mundo inteiro que não vêm lutar, nem jogar, nem vencer nem ser vencidos. Não vêm assistir aos concertos dos seus ídolos musicais. Vêm para estarem uns com os outros, para ouvirem um senhor vestido de branco, um velhinho divertido que eles gostam de ouvir, que lhes vai falar de valores, de princípios, de direitos, deveres e que os vai espicaçar, vai provocar para que eles sejam jovens. O Papa está sempre a pedir que os jovens armem barraca, que os jovens se façam ouvir, que os jovens se levantem do sofá. Ele diz que os jovens que estão quietos e sentados não são jovens e esta provocação que o Papa faz permanentemente à juventude, neste contexto pós-pandémico, é particularmente sugestivo. E há outra coisa que ele diz e que eu acho que ele tem toda a razão, não gosta que se diga, “os jovens são os homens de amanhã” ele diz “os jovens são hoje”. Esta coisa de se estar a adiar para não sei quando é um disparate. Nós temos que ser capazes de transmitir aos jovens, nós Igreja, agora de um modo especial, primeiro que os queremos ouvir, que nos preocupamos com aquilo que são as realidades das vidas deles, que queremos ser parte, corresponsáveis na construção dos seus sonhos. Têm que sentir que para além de todas as crises e problemas nós estamos ao lado deles para fazer o caminho juntos. E a jornada também ajudará nisso.
A esse propósito, as inúmeras denúncias de abusos de natureza sexual na Igreja Católica vão no sentido contrário. Enquanto coordenador da comissão de proteção de menores do Patriarcado de Lisboa admitiu, no jornal Público, a realização de um levantamento retrospetivo sobre os abusos de menores em Portugal, desde que o mesmo não se restrinja aos membros do clero. Foi mesmo isso que quis dizer?
Eu não vou dizer que fui mal interpretado, mas faltam ali os preliminares. A nossa prioridade são as vítimas e tudo faremos para que, agora (desde abril de 2019, quando foi criada a comissão), sejam garantidas as condições de confiança, de segurança para que todas as pessoas que tenham vivido essas circunstâncias no contexto específico eclesiástico, confiem numa estrutura que tudo vai fazer para respeitar a sua situação, acompanhar, tentar minimizar e tudo fazer para que não sejam novamente vítimas. Porque em muitos casos da história nós temos visto que quem denuncia acaba por ser vítima outra vez, através da exposição pública. Depois o segundo foco tem a ver com a prevenção. E a comissão está a fazer tudo que está ao seu alcance, trabalhando com outras instituições de modo que a prevenção seja uma realidade. Ou seja, criar na cabeça e no coração de todos os agentes pastorais do mundo eclesiástico, se assim podemos dizer, nas IPSS que estão na nossa tutela, todas as realidades pastorais da Igreja, definitivamente sermos capazes de que todos entendam aquilo que o Papa nos pede. Tolerância zero e transparência total. Isto é um trabalho que tem de ser feito. A pandemia veio desarticular a possibilidade dos encontros, mas já estamos outra vez em condições de retomar. A comissão tinha dois desafios imediatos: criar condições para apresentação das denúncias, salvaguardando em primeiro lugar a pessoa, a vítima, e tudo fazer para tentar diminuir tudo aquilo que foi e que é a sua vivência, historial e as circunstâncias que viveu, e prevenir aquilo que possam ser situações futuras. Falta aqui uma parte, que é: e o passado? A jornalista do Público perguntou-me o que é que eu achava de em Portugal se fazer um processo como em França. E eu respondi que o problema da pedofilia infelizmente é transversal à sociedade e que até a realidade nos diz que mais de 90% da realidade dessas situações, infelizmente, acontecem no contexto familiar. E eu disse, a fazer-se, já agora, eu defenderia que não fosse exclusivamente nos casos eclesiásticos. Que fizéssemos um trabalho sério e profundo em toda a sociedade. Ora isto foi o pecado. Que não fiquem dúvidas: em matéria de gravidade nos casos de pedofilia eu coloco os padres no primeiro lugar. Todos os domingos estão num púlpito a falar da verdade, dos valores, da dignidade, portanto é uma situação de gravidade extrema, não tenho dúvida absolutamente nenhuma. Agora, eu sou bispo desde março de 2019; criámos a comissão em abril. Eu tenho feito tudo o que posso e não posso, o que devo e não devo, visivelmente e subterraneamente, para que as coisas aconteçam, naquilo que é o meu entendimento do que é o certo. Agora, dói profundamente quando a interpretação é exatamente ao contrário. Infelizmente 90 e tal por cento dos casos de abusos sexuais de menores continuam a acontecer nas famílias. Repito, a gravidade maior é ser realizado por um eclesiástico. Agora, o fenómeno, infelizmente, tem que ser atacado sem misericórdia transversalmente na sociedade.
Tem a noção de que a realidade em Portugal é da mesma escala, do mesmo nível, por exemplo daqueles números que foram revelados em França?
Eu não li detalhadamente, mas o relatório diz que foram apresentadas 3 mil denúncias, que foram validades, depois diz que do estudo dos arquivos foram identificados dois mil e não sei quantos, e depois diz que foi aplicado um algoritmo que leva a concluir que em França poderão ter existido 209 mil casos. Isto não é sério. E por isso nós na Igreja, através das comissões, temos que criar todas as condições necessárias para que o circuito da denúncia funcione sem pôr em causa a transparência, mas que defenda as pessoas. As vítimas não podem voltar a ser vítimas por nossa causa. E isto implica fazer as coisas com segurança, com os profissionais que existem na área e que devem ser chamados. Em Lisboa, na nossa comissão, tenho o Souto Moura, antigo procurador, tenho um antigo diretor nacional da PSP, tenho um antigo inspetor da PJ, tenho o Pedro Strecht, diretor de saúde mental, tenho um pedopsiquiatra, portanto tenho especialistas de todas as áreas para que sejamos capazes de garantir que uma qualquer pessoa, que tem uma situação familiar estabilizada, vai abrir o coração, vai partilhar e nós vamos agir em conformidade, mas ele não vai ser vítima outra vez. O Papa dizia há tempos que isto que isto é uma ferida que nunca cicatriza.
O Papa tem dado diretrizes claras à Igreja de combate frontal a essa realidade...
A sensação que eu tenho é que neste e noutros casos, o comportamento da Igreja foi muito similar, e isto não é desculpa, mas foi muito similar a quando na nossa família há um problema. A primeira reação é encobrir e tentar resolver da madeira mais discreta possível. Muito raramente o pai pega no filho pelas orelhas e vai levá-lo à esquadra, acontece mas é muito raro. O expediente da exportação geográfica dos problemas nunca resolveu nada, apenas fez uma coisa, espalhou. Mudámos o problema de sítio. Temos que ter consciência que o Papa João Paulo II, depois o Papa Bento XVI, de maneira mais contundente, e agora o Papa Francisco têm puxado a barca com todas as forças, às vezes com a sensação de serem únicos, sozinhos, puxando a barca para o rumo certo. E há esta expressão forte: tolerância zero, transparência total.
Está no conselho de gerência do grupo Rádio Renascença. Como é que o grupo se tem aguentado?
Todos os grupos têm uma situação de grande dependência da publicidade das empresas. As empresas espirram e a comunicação social fica com pneumonia. De umas crises para as outras o valor total da disponibilidade de publicidade das empresas desce e nós ficamos sempre pior do que o que estávamos. Estamos a recuperar, mas sabemos que já não vamos voltar aos níveis anteriores. Nós estamos no meio de uma mudança para época digital. Muitos continuam a dizer que ela vem aí, ela não vem aí ela já aconteceu. Na Renascença multimédia, estamos, nos últimos anos, a ter cada vez menor receita para aquilo que é a necessidade do grupo viver de modo sustentável. Os custos mantêm-se ou aumentam e isto, no fim, vai dar asneira. O conselho de gerência do grupo Renascença multimédia decidiu, no início da pandemia, que não transferiríamos para os nossos trabalhadores nenhuma consequência. Os trabalhadores do grupo Renascença multimédia tiveram sempre a remuneração, os seus subsídios, os seu extras, durante toda a pandemia. Isso significou que o pé-de-meia que nós tínhamos desapareceu. Fiquei feliz, mas isso agora não é possível repetir.
Para assegurar a qualidade da democracia o Estado deve ajudar financeiramente a comunicação social?
Eu estive no último encontro promovido pelo sindicato dos jornalistas, na cidadela de Cascais, sobre financiamento dos media. Concluí que ninguém se entende. Os jornalistas, empresas, dirigentes, ninguém se entende. O que aconteceu de mal nesta última ajuda do governo? Não foi um subsídio a fundo perdido, foi uma compra antecipada de publicidade. Foi uma ajuda a meia haste, digamos assim. Com os custos inerentes de contabilidade. Depois nas redações a leitura foi a de que o governo estava a comprar os media. Isto é: nós fomos pedir ajuda, o governo ajudou e as consequências na imagem do executivo foram tão graves que se fosse comigo não repetiria. Temos que perceber isto: quais são as possibilidades do Estado ajudar os media sem interferir na sua liberdade ou linha editorial, sem parecer que há uma relação perigosa? Não sei. Há quem defenda que o subsídio deve ser ao cidadão; outros defendem ajuda direta aos jornalistas. E as empresas? O que eu sei é que, como dizia Einstein, se continuarmos a fazer o mesmo à espera de resultados diferentes isto vai acabar mal.
É bispo há dois anos e meio... Qual é o balanço que faz?
Há uma tensão permanente, uma dialética, entre aquilo que eu quero dizer, eu quero fazer, eu quero ser e o travão intrínseco daquilo que o bispo deve ser, deve dizer ou deve fazer. Há, no entanto, sempre uma consciência profunda da responsabilidade de ser um sucessor dos apóstolos, mas também a liberdade de ter escolhido dar a própria vida, testemunhar, falar do Cristo vivo, nas mais diversas condições, ser voz dos que não têm voz, ser capaz de gritar por aqueles que mais sofrem. Às vezes consigo, outras as circunstâncias condicionam-me.
Gostava de vir a ser bispo do Porto?
Se eu responder sim ou se responder não... pode cair o Carmo e a Trindade.
V.M.PINTO (TEXTO E FOTOS)
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