Eleutério Alves, Vice-presidente da CNIS, não gosta de assumir a paternidade desta iniciativa que já leva 16 edições. Prefere diluir a responsabilidade e o sucesso pela direção da Confederação e em particular o presidente, Lino Maia. A verdade é que desde a primeira edição em 2007, em Lisboa, foi sempre ele a pugnar pela Festa da Solidariedade e assegurar a organização dos diferentes eventos por todo o país, Madeira e Açores incluídos.
O formato está sedimentado e agora parece ser mais simples uma vez que as Uniões distritais fazem a parte de ligação local e o trabalho de sapa com as IPSS do território onde as festas acontecem.
Este ano, em Outubro, a Chama e a Festa da Solidariedade vão instalar-se em Portalegre. É mais uma oportunidade para mostrar ao país a força solidária deste mundo social e chamar a atenção do governo para o cumprimento das suas responsabilidades para com este sector.
A XVI Festa da Solidariedade vai ser em Portalegre. Já não faltam muitos distritos para a volta a Portugal...
Todos os anos é escolhido um distrito diferente para que a Festa possa acontecer em todo o país, e se possível, ir variando a região. A XV festa aconteceu no Norte, em Viana do Castelo, este ano será mais a sul, em Portalegre, por candidatura da União distrital. Portalegre integra uma região de baixa densidade populacional, com promotores sociais com muito relevo e esta candidatura foi aceite com muita satisfação como homenagem a todos os que fazem parte do universo solidário do Alentejo.
Com esta iniciativa pretendemos dar mais vida ao Alentejo e garantir que, durante algum tempo, Portalegre será a capital da solidariedade.
O formato das duas iniciativas (Chama e Festa) vai manter-se?
A XVI Festa vai ter um formato semelhante a muitas outras já realizadas. De 9 a 13 de Outubro decorrerá a Chama da Solidariedade que vai percorrer todos os concelhos do distrito, chegando dia 13 à noite à cidade de Portalegre onde será recebida pelo executivo municipal. No dia 14 de Outubro, a Festa terá duas partes: uma de animação produzida pelas IPSS presentes e uma outra institucional, que contará com a presença de um representante do Governo, Presidente da CNIS, Presidente da Câmara Municipal e outras entidades de relevo institucional e que coincidirá com a chegada da Chama ao recinto da Festa. O programa é todo ele preenchido com atividades das IPSS de toda a região que nesses dias saem à rua nos seus concelhos, mostram as boas práticas da sua missão quer com atividades de animação de rua, quer com mostras em stands colocados para o efeito no recinto da Festa. Interagem com a população, dão-se a conhecer melhor e aproveitam esta semana para partilhar culturas e saberes, trocar experiências e agradecer às comunidades o apoio que recebem destas.
Qual a importância desta iniciativa para a CNIS e para o país neste momento de alguma indefinição face à importância do sector social?
Um dos objetivos da missão da CNIS é o de promover e defender os interesses das IPSS. Esta Festa e o percurso associado são uma das formas que a CNIS desenvolve para dar a conhecer os valores e os princípios que as IPSS devem assumir e promover na prestação dos cuidados que constituem a sua missão. E numa altura em que as IPSS passam por momentos muito difíceis, de incerteza quanto ao seu futuro, mais importante é chamar a atenção de todos para esta realidade que é o sector social solidário e os seus agentes. Se estas instituições falharem, e isso pode acontecer, as comunidades empobrecem, os cidadãos ficam sem apoio, sem ajuda, perdem qualidade de vida e dignidade. Ao longo destes dias e no dia da Festa, a CNIS e as suas associadas farão passar essa mensagem no sentido de sensibilizar todos, governo, autarquias e comunidade para a necessidade de desenvolver estratégias em parceria para dar consistência e suporte a estas instituições de modo que possam continuar a fazer aquilo que melhor sabem fazer: Fazer o Bem.
A Chama da Solidariedade, que integra este evento, que percurso vai percorrer?
A Chama vai percorrer todos os concelhos do distrito. Vai percorrer três concelhos por dia, com atividades promovidas pelas IPSS e autarquias em cada concelho, trazendo para a rua toda a sua riqueza humana e cultural.
A chama da solidariedade continua acesa?...
Em todo o país, tenho a certeza disso. A Chama da Solidariedade é uma forma de levar a todos os concelhos um abraço solidário da CNIS e das IPSS às diferentes comunidades que fazem um trabalho notável. Pretendemos, com a iniciativa, criar oportunidades de partilha daquilo que muitas vezes está escondido ao longo do ano. Criar um ambiente de Festa e de alegria em cada concelho mostrando a todos a nossa capacidade de desenvolver social, cultural e economicamente, cidadãos e famílias. Envolvendo as autarquias nesta passagem da Chama, também elas ficam mais sensibilizadas para o trabalho conjunto que é necessário desenvolver.
A autarquia de Portalegre e as IPSS do distrito estão a cooperar, como de costume, na iniciativa?
Neste tempo de preparação da Festa foi motivador e agradável ver como a Câmara Municipal de Portalegre, pela voz da sua Presidente a quem apresentámos a atividade, se disponibilizou para apoiar a iniciativa. É bom sentir que as autarquias percebem a importância do sector solidário e apoiam as suas iniciativas. A União distrital das IPSS vai reunir com todas as Câmaras do distrito para que a Chama cumpra também a sua missão em cada concelho.
Contam com participação de IPSS de todo o país?
Estamos em tempos de contenção financeira, as IPSS estão a passar dificuldades, mas acredito que a mobilização para a Festa seja interessante, não só a nível do distrito mas também a nível nacional, pois esse é um dos grandes objetivos da Festa.
Quem vai à Festa em representação do Estado?
Como sempre aconteceu ao longo das 15 edições, incluindo Açores e Madeira, o governo esteve sempre presente. Também este ano aguardamos essa presença porquanto isso será um sinal muito evidente do reconhecimento do sector e da nossa missão.
Qual vai ser a animação?
Ao longo da semana e no percurso da Chama a animação será produzida pelas instituições de cada concelho. Na chegada a Portalegre dia 13 à noite haverá animação apoiada pelo município e no dia da Festa a animação será da responsabilidade das IPSS presentes na Festa.
Que mensagem pretende transmitir a CNIS com estes eventos anuais?
Uma mensagem de esperança e de confiança no sentido de que as IPSS não se rendem às adversidades. Já passaram muitos maus momentos e ergueram-se sempre com o apoio das famílias e da comunidade. Nas IPSS nem dirigentes nem trabalhadores conhecem o desalento ou desânimo e estes últimos anos mostraram essa força do sector solidário. Mas, ao mesmo tempo, uma mensagem de desencanto pela falta de reconhecimento que muitos responsáveis de diferentes áreas de atividade, têm mostrado pelo sector e que leva a que algumas IPSS não possam por vezes responder à sua missão, com a qualidade que desejavam e as populações merecem.
Esta é uma iniciativa que tem, desde o início, a sua assinatura. Já não falta muito para completar a volta a Portugal. Esse é o objetivo?
Não é verdade, esta iniciativa é da CNIS, da sua direção, da vontade e do querer do nosso Presidente Padre Lino Maia, que desde a primeira edição sempre acreditou na relevância da Festa e da Chama da Solidariedade como forma de promover os interesses do sector, defendê-lo e aproximá-lo dos seus destinatários que são as pessoas e as famílias. O objetivo é percorrer Portugal, iremos até onde for possível.
15 FESTAS DA SOLIDARIEDADE
Só a Covid interrompeu a iniciativa anual da CNIS
A primeira Festa da Solidariedade aconteceu em 29 de Setembro de 2007, em Lisboa, na Quinta da Bela Vista. Perto de cinco mil pessoas participaram, no evento que se transformou numa tradição do Sector Social Solidário.
No ano seguinte a festa mudou-se para Barcelos. No dia 27 de Setembro de 2008, milhares de pessoas, entre as quais, dirigentes, funcionários, utentes, familiares e amigos das IPSS, estiveram no Campo da Feira para um dia de convívio, fraternidade e animação com exibições amadoras apresentadas por idosos, reformados, deficientes, jovens e crianças.
A 19 de Setembro de 2009, a festa chegou a Viseu. Participaram alguns milhares de pessoas, representando cerca de 100 IPSS.
Castelo Branco cumpriu a tradição em 25 de Setembro de 2010. Nas Docas, o ambiente foi de festa, convívio, partilha de experiências entre dirigentes, funcionários, utentes e familiares das IPSS de todo o país. Mais uma vez a Festa cumpriu os objetivos. E a Chama também.
Em 2011, no CNEMA, em Santarém, a Festa mudou de figurino e de datas. Em vez do verão realizou-se nos dias 20 e 21 de Maio. A Festa prolongou-se por dois dias e incluiu o encerramento do congresso “Rumo Solidário para Portugal” que decorreu em paralelo.
Em 2012, no dia 6 de Outubro decorreu em Faro, no Jardim Manuel Bívar, o encontro anual de representantes das Instituições Particulares de Solidariedade Social. Foi a sexta edição da iniciativa anual da CNIS.
Depois do extremo sul de Portugal, a Festa da Solidariedade volta a subir no mapa e sedeou-se, em 2013, na cidade mais alta de Portugal: a Guarda, no Parque da Cidade.
A oitava edição ocorreu nos dias 06 e 07 de Junho de 2014, no Porto. O Congresso “Solidariedade: Novos Caminhos, Valores de Sempre” foi a principal novidade da Festa da Solidariedade.
Em 2015, a organização da Festa da Solidariedade escolheu em Évora, na Praça do Giraldo, no dia 12 de Setembro.
Pelo décimo ano consecutivo, em 2016, a CNIS promoveu a X Festa da Solidariedade em Coimbra, onde marcaram presença, para além de muitos dirigentes da CNIS e do poder político, muitas IPSS de norte a sul do País. Na Praça do Comércio, decorreu o convívio e partilha entre as instituições sociais do país, envolvendo a participação de mais de duas centenas de instituições, muitas delas oriundas do distrito de Coimbra, mas também do resto do país.
Em 2017 a Festa atravessou pela primeira vez o oceano e viajou até à Madeira. Nos dias 1 e 2 de Junho, de 2017, a XI Festa da Solidariedade decorreu na Região Autónoma da Madeira com inúmeras representações de IPSS do Continente que marcaram a sua presença.
Setúbal foi a cidade escolhida para receber a edição 2018 da Festa da Solidariedade, no dia 9 de junho, na Praça José Afonso.
A XIII Festa da Solidariedade tomou conta da praça do município de Vila Real no dia 7 de junho de 2019, recebendo a Chama que calcorreou o distrito durante um mês. O seminário «Garantir os valores com sustentabilidade financeira - Desafios para as Instituições» preencheu a manhã e a animação de palco, com a participação de várias IPSS, tomou a tarde e o princípio da noite.
E em 2020 a pandemia de Covid-19 interrompeu o curso de edições da Festa da Solidariedade. A 14ª edição teve de ser adiada um ano para a sua realização em segurança. Teve lugar nos Açores, no mês de outubro, de 6 a 9, de 2021, nas Ilhas de S. Miguel e na Terceira. O Governo Regional e os presidentes das Câmaras de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Praia Vitória acolheram de braços abertos e de forma segura a iniciativa solidária.
De regresso ao continente foi a cidade de Viana do Castelo a receber, no dia 24 de setembro de 2022, a XV Festa da Solidariedade, no Jardim da Marginal de Viana do Castelo, dando prioridade aos momentos de partilha entre as IPSS e a comunidade e, usando a alegria como traço dominante no evento.
Em 2023 é a vez de Portalegre.
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