CENTRO PAROQUIAL E SOCIAL DE LANHESES (VIANA DO CASTELO)

Elisa é o primeiro assistente virtual totalmente dedicado às IPSS

Elisa é o nome da assistente virtual desenvolvida para prestar apoio às organizações do Terceiro Sector, um projeto que tem na base uma parceria entre o Centro Paroquial e Social de Lanheses, a Microsoft Portugal, a Visual Thinking e ainda a Diocese de Viana do Castelo.
Alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a Elisa tem como objetivo primeiro transformar o modo como as IPSS operam, proporcionando-lhes uma ferramenta eficiente e acessível, visando melhorar e agilizar a gestão para, assim, poder promover uma maior qualidade do serviço prestado aos utentes.
“A Elisa é um projeto muito interessante… Aliás, hoje já não é um projeto, é uma certeza, porque já estamos a utilizá-la e vamos agora disponibilizá-la a um conjunto de IPSS”, começa por dizer Vasco Araújo, diretor executivo do Centro Paroquial e Social de Lanheses (CPS Lanheses), revelando: “E surgiu de uma inquietação e de percebermos que poderíamos tirar partido de tecnologias emergentes, nomeadamente da Inteligência Artificial, como tiram outras organizações”.
Esta inquietação e a inexistência de, entre tantos que já existem em Portugal, um assistente virtual eu desse resposta ao Sector Social Solidário foram o clique para a instituição de Viana do Castelo lançar o desafio.
“Já temos em Portugal vários assistentes virtuais, como a Elisa, dedicados a um conjunto de áreas específicas. Recentemente, o Diário da República disponibilizou um assistente virtual, a Lia, tal como a Ordem dos Psicólogos… E há vários assistentes virtuais, mas para este tipo de organização do Terceiro Sector não havia nada a nível nacional”, contextualiza: “Então, contactámos a Microsoft Portugal, até porque a empresa tem um programa de filantropia que já apoia muitas IPSS, e perguntámos-lhe se seria possível, juntando esforços, criar um assistente virtual para o nosso sector”.
E, até com alguma surpresa, a proposta foi muito bem acolhida. “A Microsoft, nomeadamente o Manuel Dias, que é o diretor nacional de tecnologias da Microsoft Portugal, teve um papel preponderante, acreditando no projeto desde a primeira hora. A partir daí, desenvolvemos alguns esforços e, conjuntamente com a Microsoft e algum apoio financeira da Diocese de Viana do Castelo e ainda com a Visual Thinking, uma empresa dedicada a este tipo de funções, desenvolvemos toda a estrutura da assistente virtual”.
O nome Elisa foi o eleito pelo cunho diocesano que a instituição de Lanheses tem, pois Elisa “vem do hebraico e significa, entre outras coisas, ‘Deus é abundância’, pelo que achámos simpático adotar este nome”, explica Vasco Araújo.
Em termos práticos, a Elisa é uma assistente virtual que responde a um conjunto, cada vez maior, de questões relacionadas com o dia-a-dia das IPSS.
“Esta assistente virtual foi concebida para responder a necessidades legais e orientadoras, abrangentes, específicas e atualizadas, oferecendo suporte às diversas respostas sociais das instituições, desde Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI) e centros de dia, de serviços de apoio domiciliário e creches e jardins-de-infância", sustenta o diretor executivo do Centro Paroquial e Social de Lanheses, sublinhando uma característica que distingue a Elisa de muitos assistentes virtuais presente no mundo digital.
“Em primeiro lugar, a Elisa é um assistente virtual que não inventa, não é um Chat GPT, pois funciona de uma forma diferente e apenas com a sua base de dados. A Elisa tem uma base de dados que foi desenvolvida e só trabalha segundo esses dados”, explica, acrescentando: “E esta base de dados agrupa tudo aquilo que intermedeia ou possa intermediar as diferentes respostas sociais, a materialização da organização, a legislação subjacente, por exemplo, da ACT ou da Segurança Social, obviamente! Isto é, tudo o que possa, de alguma forma, interferir com a dinâmica quotidiana da organização, como toda a legislação de suporte, está a ser colocado na base de dados”.
Assim, a Elisa tem uma base de dados dinâmica e em constante atualização.
“Neste momento, estamos a tentar desenvolver um automatismo que permita a atualização da legislação de forma autónoma. Para além desta componente, tem uma outra que tem que ver com uma base de conhecimento, bastante substantiva, que ocupa muitas áreas do conhecimento, desde a gestão à economia, dos cuidados aos utentes à sustentabilidade e à animação cultural”, destaca, acrescentando: “Tem uma panóplia muito significativa de áreas com base em artigos científicos produzidos em Portugal, de domínio público”.
Vasco Araújo não tem dúvida: “Estamos continuamente a acrescentar conhecimento à base de dados da Elisa, pelo que ela amanhã será ainda melhor do que é hoje”.
Por outro lado, para o responsável, há um detalhe na Elisa que bastante relevante.
“A Elisa referencia toda a informação que debita e fá-lo de forma inteligente, porque não se limita a colocar a informação, ela interpreta-a. Por outro lado, e isto é inovador, se solicitar uma qualquer minuta, a Elisa dá-ma. Estamos em constante evolução, mas ela é capaz de me oferecer uma minuta, por exemplo, de um regulamento interno de ERPI, em formato Word”, revela.
De forma concreta, se se colocar à Elisa a situação de um conflito laboral entre dois colegas de trabalho e lhe solicitar uma estratégia para o resolver: “Ela vai identificar estratégias, com base no conhecimento que tem, para depois se poder tomar opção. A Elisa, para além de responder a um conjunto muito vasto de questões de âmbito legal, também capacita quotidianamente. A ideia não é que ela seja apenas uma ferramenta que está ali para uma interação simples de pergunta-resposta, mas que possa funcionar como uma ferramenta capaz de capacitar. Seja sobre que matéria for, ela tem uma resposta para dar, de acordo com a sua base de conhecimento, ela não inventa! Isto é importante, porque lhe confere fiabilidade e confiança”.
Após três meses de construção e um mês de funcionamento, a perspetiva futura da instituição de Lanheses, tal como da Microsoft Portugal, é que a Elisa possa ser estendida a nível nacional, estando já a ser dados passos nesse sentido.
“Para já, estamos a trabalhar numa lógica muito local, mas a intenção, desde o início, é desenvolver a Elisa enquanto projeto-piloto e estendê-la a Portugal. Obviamente, vamos ter de fazer a divulgação do projeto e deste trabalho, algo que vai acontecer naturalmente”, acredita Vasco Araújo, informando que qualquer IPSS interessada em utilizar a Elisa pode contactar a instituição de Lanheses.
“Atualmente, estamos a avaliar o sistema de custos da Elisa, mas é possível, embora não seja uma certeza, é possível que a Elisa possa ser gratuita, pelo menos até ao final do ano de 2025. Mas mesmo que venha a ser custeada, será um valor residual para o período total. Poderemos estar a falar de qualquer coisa como 20 euros/ano”, afirma o diretor executivo, alertando: “Não podemos esquecer que a Elisa tem um conjunto de custos associados, cada questão que se coloca tem um custo”.
Sem revelar valores, Vasco Araújo revela que o investimento é “significativo”, mas, “para além do investimento financeiro, que não foi nada que a instituição não pudesse fazer, o projeto beneficiou muito da boa vontade da Microsoft Portugal e da Visual Thinking”. “Não fossem estas duas entidades, não teríamos tido capacidade, mas foi um investimento estratégico da nossa parte”, sublinha, destacando: “A ajuda da Elisa é, sobretudo, agilizar processos, oferecendo mais tempo aos técnicos para estar com os utentes”.

Pedro Vasco Oliveira (texto e foto)

 

Data de introdução: 2025-06-12



















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