Um estudo desenvolvido pela Associação Internacional de Análise Criminal, sedeada em Roma, traça o perfil do comportamento das crianças em salas de conversação na Internet e foi fornecida à Polícia Judiciária portuguesa com o objectivo de servir de modelo à actuação de agentes sob disfarce.
Uma das principais conclusões do estudo indica a vulnerabilidade das crianças do sexo feminino curiosas e inteligentes, sobretudo entre os 10 e os 12 anos.
«Os pedófilos jogam muito na natural curiosidade das crianças por temas sexuais e assumem o papel de uma espécie de professor sexual para elas», explicou aos jornalistas a psicóloga criminal Roberta Bruzzone, vice-presidente da Associação Internacional de Análise Criminal, na apresentação, terça-feira, dos resultados do estudo.
De acordo com a pesquisa, «sobretudo para raparigas entre os 10 e os 12 anos de idade», o pedófilo representa à partida, «uma pessoa experiente com quem podem falar abertamente».
Segundo revelou Roberta Bruzzone, «estão em risco mais elevado as raparigas que são suficientemente curiosas e suficientemente inteligentes para falarem sobre sexo com um adulto pedófilo, mas não com a maturidade com que uma mulher normal fala sobre sexo». «O pedófilo online tem de continuar a sentir-se na liderança da conversa, quer sentir-se em controlo da relação», explicou a psicóloga italiana. Estas raparigas sentem-se à vontade para falar das suas necessidades e interesses, informação que o pedófilo recolhe sistematicamente para ser melhor sucedido na marcação de um encontro.
Para a especialista, «a falta de comunicação entre pais e filhos representa sempre uma vantagem para o pedófilo», que acrescentou que o estudo mostra que «uma das razões pelas quais as crianças não contam aos pais ou professores as investidas destes potenciais pedófilos é porque não acreditam na sua capacidade de compreender a situação, não confiam neles».
O pedófilo que actua na Internet é sobretudo um homem entre os 20 e 30 anos, com uma boa posição profissional e uma boa remuneração, que transmite uma imagem de respeitabilidade e não tem cadastro criminal. «Sociologicamente, estamos a lidar com uma pessoa invisível», declarou Roberta Bruzzone.
O estudo, apresentado num hotel de Lisboa, foi desenvolvido por psicólogos criminais que se fizeram passar por potenciais pedófilos durante seis meses nas principais salas de conversação italianas. Esta nova pesquisa, patrocinada pela multinacional de segurança online Symantec, foi feita a partir da informação recolhida num estudo anterior realizado em 2003 e 2004 com 5 mil crianças de escolas italianas com idades entre os oito e os 13 anos.
Fonte: Revista Visão
Data de introdução: 2006-01-13