SEGUNDO LIVRO DO PSIQUIATRA PEDRO AFONSO

"O manicómio Dr. Heribaldo Raposo" aborda um "medo comum ao ser humano que é o receio de

"O Manicómio Dr. Heribaldo Ribeiro" é um livro, agora lançado, que conta a história de um doente internado num hospital psiquiátrico na década de 60, do século XX, quando os problemas psiquiátricos eram encarados de forma "completamente diferente". O autor é Pedro Afonso, psiquiatra no hospital Júlio de Matos, em Lisboa que pretende denunciar a falta de poder reivindicativo dos doentes mentais, que carregam um "estigma e um sofrimento incomensuráveis".

O livro, que é o segundo romance do autor, aborda ainda um "medo comum ao ser humano que é o receio de nos passarmos para o outro lado", acrescentou, numa tentativa de simplificar este tipo de doenças, mostrando que "qualquer ser humano pode vir a padecer delas".

O psiquiatra explicou que pretende que esta obra chame a atenção da sociedade para a necessidade de dar "mais poder reivindicativo" aos doentes mentais, numa tentativa de acabar com o "estigma e os estereótipos" sobre estes doentes.

"A obrigação de não esquecermos os doentes mentais é de todos nós e de toda a sociedade, já que todos temos uma palavra a dizer na construção de um mundo melhor e mais fraterno", sublinhou o psiquiatra.

Lembrou que as doenças do foro psiquiátrico atingem "30 por cento da população, ou seja, uma em cada três pessoas já sofreu ou pode vir a sofrer de perturbações psiquiátricas independentemente de estas virem ou não a tornar-se crónicas". Destes trinta por cento, 12 por cento tem doenças graves e crónicas.

Mas, para Pedro Afonso, não é apenas o sofrimento dos doentes psiquiátricos que deve ser alvo de atenção, "quer do estado quer da sociedade". Também o sofrimento das famílias deve ser combatido, já que uma "doença do foro psiquiátrico mina uma família da mesma forma que os problemas das dependências de drogas ou do álcool".

"O sofrimento e o estigma são de tal forma incomensuráveis, que muitos destes doentes e destes familiares chegam a desejar a morte para pôr termo à angústia com que, diariamente, são obrigados a conviver", sublinhou.

A necessidade de a sociedade se mobilizar para formar associações de doentes ou de familiares foi outros dos pretextos que esteve na base do livro, disse, acrescentando que em Portugal "muito falta ainda fazer em abono dos doentes psiquiátricos".

Pedro Afonso criticou ainda os vários governos por "não terem promovido uma verdadeira reforma na saúde mental, que urge fazer já que não se prevê a criação de estruturas alternativas caso encerrem as grandes estruturas hospitalares".

29.05.2006

 

Data de introdução: 2006-05-29



















editorial

SUSTENTABILIDADE

Quando o XXIV Governo Constitucional dá os primeiros passos, o Sector Social Solidário, que coopera com o Estado, deve retomar alguns dossiers. Um deles e que, certamente, se destaca, é o das condições de sustentabilidade que constituem o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Agenda 2030 e as IPSS
Em Portugal é incomensurável a ação que as cerca de 5 mil Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) existentes, têm vindo a realizar.  As...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A gratuitidade das creches entre o reforço do setor social e a privatização liberal
 A gratuitidade das creches do sistema de cooperação e das amas do Instituto de Segurança Social, assumida pela Lei Nº 2/2022, de 3 de janeiro, abriu um capítulo novo...