Tem sido insistente e recorrente a publicação de dados estatísticos e artigos de opinião subscritos por especialistas com credibilidade, alertando para a situação de alto risco social que o Norte do País pode vir a sofrer, a muito curto prazo, se nada se fizer para contrariar a tendência de abandono a que a Região Norte de Portugal tem vindo a ser votada.
Quando se fala em desemprego, o Norte aparece como campeão.
Sempre que o assunto é toxicodependência, tuberculose e sida, o Norte e especialmente o Porto, aparecem em primeiro lugar
Abandono e insucesso escolar são também tristes realidades do Norte do país.
O nível médio salarial é também no Norte o mais baixo do país.
Neste momento, não faltará já quem se interrogue: porquê tanto pessimismo?
Será que no Norte só há “coisas negativas”? Certamente que não.
Urge, no entanto, interrogarmo-nos sobre o que terá verdadeiramente acontecido no Norte para que esta tendência de perda de capital humano, económico e social se tenha agravado tanto nos últimos anos?
Não deixa de ser relevante o grito de alerta que o próprio presidente da CCDR, Dr. Carlos Lage, lançou ao país, muito recentemente, exigindo mesmo que se pense numa fórmula de regionalização que acabe de vez com o centralismo crescente que faz convergir na capital investimentos e decisões.
Curiosamente 75% dos cerca de 750 mil funcionários públicos está situado em Lisboa e no Porto, de acordo com um estudo recentemente publicado por um conceituado Departamento de Política e Estudos Internacionais de uma Universidade do Reino Unido,
Este estudo vai mais longe ao afirmar que “Portugal continua entre os países da EU onde a distribuição da riqueza é mais desigual, a ponto de o grupo social mais rico auferir seis vezes e meia mais do que os mais pobres! É muito, demasiado!
A nossa matriz de DESENVOLVIMENTO está errada e, se não for inteligente e corajosamente invertida, levar-nos-á a um País sem rumo que, para além de perder o Norte como região, descambará para o risco de um “país sem norte”, ou seja, desnorteado!
A crescente desertificação, a acumulação cada vez maior de pessoas nas periferias das grandes áreas metropolitanas, a falta de lideranças e a aposta na “partidocracia” como forma de “governança”, a desatenção ao valor da coesão social e da falta de igualdade de oportunidades devem constituir sinais de alarme para uma inflexão das grandes orientações macroeconómicas, sociais e até éticas do país!
Data de introdução: 2007-04-03