Um questionário a 250 médicos portugueses leva a concluir que os sintomas físicos da depressão continuam sub-diagnosticados no nosso país.
Médicos de Clínica Geral e Psiquiatras ainda não identificam totalmente os sintomas físicos que, frequentemente, acompanham uma depressão.
Este facto pode afectar o tratamento desta patologia, influenciando a recaída e a remissão da doença, especialmente se os sintomas físicos não forem reportados pelos próprios doentes.
Este estudo foi desenvolvido com o objectivo de analisar o nível de conhecimento dos médicos portugueses, no que concerne a doença da depressão e, especialmente, a prevalência e relevância dos sintomas físicos.
A grande maioria dos médicos portugueses concorda que o não tratamento dos sintomas físicos irá aumentar o risco de recaída e que os doentes atingem a remissão se ambos os sintomas emocionais e físicos da depressão forem tratados.
Não obstante, o diagnóstico ainda se baseia fundamentalmente na existência de sintomas emocionais como a tristeza, a apatia, a irritabilidade, entre outros.
Os resultados do estudo mostram que:
Uma média de 22,8% de doentes tratados sofre de depressão. Destes, 80,5% apresentam um diagnóstico pré-existente e 19,5% representam novos casos.
A depressão prevalece entre os 30 e os 50 anos (43,5%).
69,0% do universo estudado era representado por mulheres, em que 73,1% sofria de depressão com ansiedade e 55,7% sofria de sintomas físicos.
Em 74,2% de todos os doentes, a depressão apresenta-se de ligeira a moderada e 60,1% tiveram pelo menos uma recaída.
58,4% dos médicos reconhecem que os sintomas físicos são utilizados no diagnóstico da depressão, mas apenas 10% mencionam dor. Contudo, o sintoma mais recorrente para diagnosticar a depressão é a tristeza (76,4%).
83,2% dos médicos pensa que ao tratar os sintomas emocionais da depressão, está também a tratar os sintomas físicos da doença.
74,9% dos médicos acredita que os seus doentes vão atingir a remissão, se quer os sintomas emocionais quer os físicos da depressão forem tratados.
Para os médicos que tratam estes doentes, os fármacos que são inibidores da recaptação da serotonina e da noradrenalina - dois neurotransmissores fundamentais para o nosso equilíbrio emocional - são a primeira escolha para qualquer tipo de doente com depressão, excepto para doentes com mais de 50 anos, onde os inibidores selectivos da recaptação da serotonina são os fármacos de eleição.
FONTE: SAÚDE/SAPO
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