O Empreendedorismo e a Estratégia de Lisboa

Os programas de Empreendedorismo são, correntemente, dos temas mais em foco em muitas sociedades. A justificação para este desenvolvimento está, muitas vezes, ligado às incertezas criadas pela globalização.
Na Europa, é um tema que está no topo da agenda desde o início deste século e em particular a partir do estabelecimento da Estratégia de Lisboa criada pelo Conselho Europeu em Março de 2000, em Lisboa. O Comité Económico e Social Europeu tem dedicado especial atenção a este tema, estando a ser neste momento ultimado um parecer com o título “A mentalidade Empreendedora e a Estratégia de Lisboa” em que se procura abordar de forma alargada a sua definição e implicações, cito em seguida algumas referências.

Tem sido consensual que o empreendedorismo tem a ver com processos sociais, e acções conduzidas pelos seres humanos com propósitos individuais, societários e económicos. Quando as pessoas se encontram e interagem entre elas o empreendedorismo pode ser criado. Os factores económicos, ecológicos, sociais e de igualdade que estão por detrás do empreendedorismo suportam-se mutuamente e criam assim um processo dinâmico, o qual serve de base às diferentes actividades empreendedoras, para enfrentar os desafios colocados pelo aumento do ritmo de mudança nas sociedades.

O espírito empreendedor de todos, deve ser reconhecido e promovido, sendo visto como uma forma de atingir a responsabilidade individual gerando objectivos colectivos e conduzindo às mudanças sociais. Encorajar uma cultura empreendedora implica o encontrar maneiras de soltar o potencial criativo humano, em ordem a impulsionar o capital social, aumentar a coesão social e o crescimento económico.

O EMPREENDEDORISMO NAS ORGANIZAÇÕES NÃO LUCRATIVAS

O papel do empreendedorismo no sector das organizações não lucrativas (ONGs) foi salientado, recentemente, numa investigação, tendo sido claramente mostrado que este sector também tem uma cultura empreendedora. Este processo de empreendedorismo está ligado a dinâmicas de grupos de movimentos sociais de diferentes géneros. Os dedicados empreendedores sociais, agem para encontrar soluções inovadoras para problemas relacionados com questões maiores tais como: o desafio ambiental, a pobreza, os direitos humanos, exclusão social, educação e cultura através de actividades organizadas, oferecendo novas ideias para uma escala muito alargada de mudanças.
Solidariedade e democracia são os valores mais promovidos por estas iniciativas. Os empreendedores, no sector não lucrativo, são tidos como ambos visionários e realistas, são como os homens de negócios em geral, isto é, agentes de mudança que procuram oportunidades.

O EMPREENDEDORISMO NA ECONOMIA SOCIAL

Estas instituições são caracterizadas mais pelo primado dos seus objectivos sociais do que pela necessidade do retorno máximo. Estas instituições, na generalidade, satisfazem as necessidades das pessoas que outras instituições, por falta de capacidade ou atractivo lucrativo suficiente, estão ausentes deste campo.
Com base nos seus valores, os empreendedores de economia social, promovem um empreendedorismo socialmente responsável com vista ao desenvolvimento sustentável da democracia e participação dos cidadãos, combate à exclusão social, envolvimento de trabalhadores nos processos internos e a revitalização das comunidades locais. Portanto, estes empreendedores, pelo exemplo das suas iniciativas, também promovem uma cultura empreendedora nos jovens, imigrantes e minorias étnicas.
As iniciativas de economia social são fundamentais para o pluralismo empreendedor e a diversidade económica, pois envolve uma porção muito significativa da sociedade civil. Cerca de 25% dos cidadãos europeus são membros destas instituições, nas mais variadas qualidades, como dirigentes ou simples voluntários, utentes dos serviços, consumidores e trabalhadores.


Os grandes desafios que são colocados aos europeus no âmbito do empreendedorismo, são altamente relevantes para o sucesso da Estratégia de Lisboa, com o propósito de criar mais e melhores empregos e atingir a coesão social. Esses desafios, incluem o desenvolvimento de:
- os valores e crenças associados com o mundo do empreendedorismo
- mudança de cultura do sistema educativo
- mais competência no ensino do empreendedorismo, os professores tem em geral uma visão e conhecimento limitado da circunstância empreendedora.
- mais formação e desenvolvimento de todas as partes interessadas ‘stakeholders’ chave, em particular das instituições governamentais responsáveis.
- redes alargadas incluindo o apoio a organizações de jovens, organizações empresariais e de trabalhadores e ONGs em geral.


Creio que o espírito empreendedor e de dedicação aplicado por toda a comunidade voluntária ligada à economia social e ONGs em geral, é um exemplo que deve ser replicado em todas as áreas e sectores público e privado nas variadas vertentes da sua acção.

* Centro Social Paroquial de Azambuja

 

Data de introdução: 2007-05-04



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...