A propósito de alguns despropósitos

Ainda no rescaldo das celebrações festivas do 25 de Abril, sobretudo as que as televisões nos mostraram a partir da Assembleia da República, vou ousar partilhar com os leitores de SOLIDARIEDADE algumas inquietações de cidadania.
Pelos ecos da comunicação social, o discurso mais badalado foi o de um deputado que falou na “claustrofobia democrática”.
Pena foi que também este deputado da Nação tenha falado em “politiquês” para se referir a um assunto que efectivamente merece atenção, a ponto de correr o risco de o grande público não ter percebido o alcance da denúncia produzida diante do Presidente da República, do Governo e de todos os deputados.

Quando chegará o tempo de substituir a linguagem do politicamente correcto por uma forma de comunicação onde as coisas sejam chamadas pelos nomes?

A “discursomania” da nossa classe política é chão que deu uvas e corre o risco de provocar uma “alergite aguda” nas pessoas em relação aos seus líderes políticos!

É chocante a forma como são abordados determinados assuntos na Casa da Democracia, que é a Assembleia da República.
Aquilo que são problemas humanos que afectam milhares e milhares de pessoas, tais como o desemprego, a situação dos cuidados de saúde, o estado miserável em que se encontra a justiça, o drama de tantos idosos que vivem em solidão, pobreza e doença, de tantas famílias incapazes de assegurar aos seus filhos e outros familiares ao seu cuidado as mais elementares condições de bem-estar social...é tratado, muitas vezes, como “troféu de oposição”, com uma desumanidade tal que, por parte de alguns deputados, chega a ser um “atentado ao direito à esperança” que essas pessoas merecem por parte de quem as representa!

Começa a ser preocupante e merecedor de vigilância democrática um centralismo que ameaça a diversidade regional do país e se mostra insensível perante problemas concretos das populações que, vistos à distância de Lisboa, e enquadrados por um sem número de “comissões técnicas” que começam a comandar as decisões políticas, até começam a dar a impressão que o problema do país e a causa do nosso subdesenvolvimento são os portugueses. Ou seja: se não houvesse pessoas com pr desprooblemas, seria muito mais fácil aplicar as doutas soluções das ditas cujas comissões!
E a comunicação social? Tem prestado relevantes serviços à democracia e assim deve continuar.
Porém...pairam no ar sinais de transformação de alguns órgãos de comunicação social em instrumentos de “comercialização social e instrumentação ideológica”.

Apesar de este artigo de opinião ser publicado em Maio, não queria deixar de aqui inscrever estes desabafos de cidadania, certo de que estão no alinhamento das promessas feitas no 25 de Abril de há 33 anos!

 

Data de introdução: 2007-05-19



















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