Os países doadores devem aumentar a sua ajuda ao desenvolvimento em 18 mil milhões de dólares por ano até 2010 para respeitarem os seus compromissos de contribuição para a realização dos objectivos anti-pobreza, alertou hoje a ONU. Num relatório do Grupo de Reflexão sobre o Atraso na Realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) indica-se que "os fluxos de ajuda (pública ao desenvolvimento) baixaram 4,7 por cento em 2006 e mais 8,4 por cento em 2007", ficando "aquém do prometido" em 2005 na Cimeira do G8 em Gleneagles.
Além da diminuição da ajuda, continua a constituir um obstáculo para a realização dos ODM as dificuldades ao nível do comércio mundial dos países em desenvolvimento, para quem a ruptura das negociações sobre comércio do Ciclo de Doha, em Julho, representou um revés.
Segundo o relatório, apenas 79 por cento das exportações dos países menos avançados beneficiam de acesso isento de direitos aduaneiros aos mercados dos países desenvolvidos, longe do objectivo de 97 por cento fixado em 2005.
O relatório da ONU assinala progressos na redução da dívida dos países mais pobres, que "foi ou será concedida a 33 dos 41 países que cumprem os requisitos, o que representa a anulação de mais de 90 por cento da sua dívida externa".
Assinala, no entanto, a necessidade de "mais medidas para assegurar a redução da dívida dos restantes oito países e para ajudar outros a melhorarem a gestão da dívida, a fim de evitar que voltem a cair no sobreendividamento".
Também regista melhorias no acesso aos medicamentos e às tecnologias, ressalvando contudo haver "ainda muito a fazer".
De acordo com o secretário-geral das Nações Unidas, "o ano de 2008 deveria assinalar um ponto de viragem nos progressos com vista à realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio".
"Este relatório é um alerta. Dá uma visão geral dos domínios em que a comunidade internacional cumpre os seus compromissos e daqueles em que temos de redobrar os nossos esforços, na segunda metade do período fixado para a consecução dos ODM", declarou Ban Ki-moon.
A propósito, considerou que o documento será uma "ferramenta muito útil" para os dirigentes mundiais que participarem na reunião de alto nível, dia 25 em Nova Iorque, para "decidir medidas urgentes em prol da realização dos Objectivos".
04.09.2008
Data de introdução: 2008-09-04