A Igreja portuguesa vai convidar em 2009 oficialmente o Papa Bento XVI para visitar Portugal, tendo em vista uma passagem por Fátima e a provável canonização do beato Nuno Álvares Pereira, disse o presidente da Conferência Episcopal. D. Jorge Ortiga adiantou que "o convite só não foi ainda feito dada a consciência que os bispos portugueses têm da agenda sobrecarregada do Papa, que, entre outras viagens se desloca a Angola e aos Camarões, em África".
O prelado disse que, dado que, de acordo com os cânones da Santa Sé, só os papas podem proceder a canonizações, o convite a Bento XVI terá em conta a possibilidade de a canonização ser feita em Portugal e não no Vaticano. "É um assunto delicado e ainda não totalmente resolvido mas tudo indica que o Beato Nuno será canonizado", afirmou.
O Vaticano avançou já no processo de reconhecimento do beato como santo, ao autorizar, em Julho de 2007, a promulgação de dois decretos que atestam um milagre que lhe é atribuído e as suas "virtudes heróicas". O processo de canonização está praticamente concluído, faltando apenas marcar a data da cerimónia.
Os decretos foram tornados públicos, na ocasião, pela Sala de imprensa da Santa Sé, após uma audiência concedida pelo Papa ao Cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
O Beato Nuno de Santa Maria (1360-1431) foi beatificado em 1918 pelo papa Bento XV, e nos últimos anos, a Ordem do Carmo (onde ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, retomou a causa da canonização.
Na história portuguesa, o beato Nuno de Santa Maria é conhecido como o Condestável Nuno Álvares Pereira, que no reinado de D. João I se tornou um dos heróis da batalha de Aljubarrota, em que o exército português derrotou as forças de Castela. A sua memória litúrgica celebra-se, actualmente, no dia 6 de Novembro.
O processo de canonização do Beato Nuno de Santa Maria foi reaberto no dia 13 de Julho de 2004, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, com a sessão solene presidida por D. José Policarpo.
A cura milagrosa reconhecida pelo Vaticano foi relatada por Guilhermina de Jesus, uma sexagenária natural de Vila Franca de Xira, que sofreu lesões no olho esquerdo por ter sido atingida com salpicos de óleo a ferver quando estava a fritar peixe.
A cura de Guilhermina de Jesus, depois de ter pedido a intervenção do Santo Condestável, foi observada por diversos médicos em Portugal e foi analisada por uma equipa de cinco médicos e teólogos em Roma, que a consideraram miraculosa.
30.10.2008
Data de introdução: 2008-10-30