Doentes de Alzheimer ajudados por um colar

Em Portugal haverá cerca de 70 mil pessoas a sofrer de Alzheimer. A doença cujo sintoma primário é a perda de memória leva a que a maioria dos doentes se perca. O novo projecto Rumo Seguro ajuda a localizá-los e a identificá-los. O programa, de âmbito nacional, foi lançado em Dezembro do ano passado e tem como objectivo "permitir à pessoa portadora da doença um reencaminhamento rápido e seguro para a sua família, diminuindo a preocupação dos cuidadores", explica Mariana Nunes de Almeida, uma das responsáveis pelo projecto.

"A experiência diz-nos que todas as semanas as pessoas que sofrem deste tipo de demência perdem-se, pelo menos, uma vez. Às vezes, durante vários dias e para parte incerta", sublinha. A Alzheimer s Association confirma que 60% deste tipo de doentes tende a ausentar-se repentinamente de casa e a deambular sem rumo certo. Esse comportamento deriva de uma actividade motora inconsciente que leva os doentes a afastarem-se do seu ambiente seguro, colocando muitas vezes a sua própria vida em risco.

Mariana Nunes de Almeida recorda o caso, que se tornou mediático, de "um senhor de 79 anos que andou perdido durante três dias. Entrou no comboio e acabou por aparecer em Lisboa. Era do Porto e não sabia onde estava". Apesar disto, nota, a lei portuguesa proíbe o uso de GPS, sistema de posicionamento geográfico, habitualmente utilizado pelos condutores. Pelo que foi necessário contornar a lei e inventar um processo de efeito semelhante ao GPS.

O Rumo Seguro é um programa desenvolvido, em parceria, entre a a Alzheimer Portugal, Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer, e a empresa de Consultoria especializada na Indústria Farmacêutica, AMAZE. E tem por base a substituição do comum GPS por uma pulseira ou um colar que os doentes deverão transportar com eles. Esse objectos têm um código "complexo e exclusivo" atribuído no momento de inscrição no programa [ver ficha], que permite encontrá-los, identificá-los - o que, actualmente, não é fácil, porque muitas vezes eles não sabem dizer quem são - e posteriormente devolvê-los à família.

Sensibilizar a população

Os cuidadores do doente têm também um papel importante neste processo de resgate. Cabe-lhes reportar à AMAZE o desaparecimento através do número verde ( 808 10 12 12 ), indicando o código individual do doente, a data e a hora do desaparecimento.

Apesar das parcerias com as forças de autoridade segurança - GNR, PSP, INEM - o programa não poderá vingar "se a população não estiver sensibilizada para o problema", alerta a responsável. "Se alguém encontrar uma pessoa que apresente sinais visíveis de desorientação, deve logo acompanhá-la até ao quartel ou esquadra mais próximos. Em alternativa, deverá procurar o número inscrito no colar ou pulseira do indivíduo, contactar as autoridades e esperar a sua chegada", explica.

No entanto, o código só será aceite se for enviado via e-mail institucional da força de segurança em causa. Uma vez confirmado e certificado o código, o cuidador é informado do paradeiro do seu doente e combina o resgate.

Mariana Almeida recorda que "a doença não escolhe classes sociais" e que "com o aumento de esperança média de vida e consequente envelhecimento da população, existe grande probabilidade de o número de portadores vir a aumentar. Amanhã, podemos ser nós a precisar", sublinha. 

Fonte: Jornal de Notícias

 

 

Data de introdução: 2009-02-23



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...