SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VILA NOVA DE GAIA

Instituição comemora 80º aniversário

Do alto dos seus 80 anos, ainda assim é uma jovem Misericórdia no contexto da antiguidade destas instituições que, há mais de 500 anos, se espalharam pelo país e criaram um rede de ajuda social para quem mais precisa. A Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia festejou a 26 de Junho o seu aniversário, com a presença do Bispo do Porto, D. Manuel Clemente e muitos dos cerca de 1500 irmãos que a constituem.
Fundada em 1929 por um grupo de homens da terra, a Misericórdia de Gaia elegeu desde cedo a área da saúde como bandeira da instituição. No prédio, onde é ainda hoje a sede, foi instalado o primeiro hospital da cidade, em 1966, onde, além de consultas em regime ambulatório, existia um banco de curativos, duas enfermarias, uma pequena sala de operações, laboratório e farmácia social. “A nossa Misericórdia nasceu muito mais tarde do que a maioria, já em plena República, por livre iniciativa de homens bons do nosso concelho que resolveram dar corpo a esta ideia”, refere Joaquim Vaz, actual provedor.

As diversas manifestações de generosidade, com a doação de propriedades e fortunas, ajudou a instituição a crescer e a diversificar a sua oferta social. “Os nossos lares surgiram através de benfeitores que nos deixaram em testamento os seus bens com indicações precisas para a construção desses equipamentos e que nós cumprimos”, diz o provedor. O primeiro lar da instituição foi o de Salvador Brandão, em 1933, na freguesia de Gulpilhares, actualmente com capacidade para uma centena de utentes, integrando também uma clínica fisiátrica e um centro de hemodiálise. Quatro anos depois, a Misericórdia toma posse do “Asilo, Creche e Hospital D. Emília de Jesus Costa e António Almeida Costa”, que lhe são entregues pela comissão administrativa dos mesmos, para que se encarregue da sua administração e funcionamento.

Com o tempo, o asilo transformou-se num lar com 90 utentes e numa creche e jardim-de-infância frequentadas por 230 crianças. Com uma procura crescente de respostas sociais para a terceira idade, novas doações permitiram em 1971 a abertura de mais um lar, desta vez na freguesia da Madalena com 60 camas. “Apesar dos nossos três lares, temos em lista de espera mais de 600 pessoas, o que é realmente muita gente”, diz Joaquim Vaz. O provedor explica que com o evoluir da sociedade as necessidades alteraram-se e a instituição quis também dar resposta a outro tipo de público, abrindo na década de 90 um lar residencial privado. “O Lar Conde das Devesas foi construído para responder a pessoas com capacidades económicas, mas sem retaguarda familiar e que queriam encontrar um refúgio que lhes desse a garantia de que teriam um entardecer de vida feliz”. Nesta infra-estrutura, os residentes compram um apartamento e usufruem dos serviços comuns, como a lavandaria ou a cozinha.

Com o 25 de Abril de 1974 e a nacionalização do hospital pelo Estado, a instituição passa também a dedicar-se de forma mais sistemática à infância, dando origem, no final dos anos 90 à abertura de um Centro Temporário de Acolhimento de Crianças em Risco e que já encaminhou 25 menores para adopção. “Ao longo dos tempos fomos fazendo uma adaptação, através de um esforço permanente para remodelar, ampliar, construir novas instalações sociais, bem como modernizar e adquirir novos equipamentos e meios humanos”, salienta Joaquim Vaz, que desde 1982 é irmão na Misericórdia de Gaia.
“Apesar de ser jovem, esta Santa Casa é muito promissora, graças ao trabalho credível dos primeiros irmãos que sensibilizou muitas pessoas boas da nossa terra, que nos deixaram os seus bens e permitiram que se fizesse uma grande Obra Social”, refere o provedor em dia de aniversário, data que foi dedicada a reconhecer publicamente os funcionários da instituição.

Com os olhos postos no futuro, o provedor fala do investimento que é necessário fazer no serviço de voluntariado da instituição que já tem 20 anos e conta com o trabalho de 40 pessoas espalhadas pelas diversas valências. Para além disso, a Misericórdia quer construir mais um lar, desta feita, em Avintes. “Queremos responder à nossa imensa lista de espera e às necessidades das freguesias da parte oriental da cidade. Temos pessoas nos nossos lares actuais que são dessas zonas e que estão deslocadas da sua residência, perdendo aos pouco os afectos que tinham com a vizinhança”.

Para além do novo lar, a instituição pretende também avançar com uma Unidade de Cuidados Continuados de longa e média duração. “São projectos que estão a ser preparados e que depois serão apresentados a concurso, consoante os programas de financiamento que existam”, refere o responsável sem indicar as quantias envolvidas.
Actualmente com 750 utentes e 320 funcionários é uma das maiores instituições de solidariedade social do concelho de Vila Nova de Gaia, que através da aplicação das catorze obras de Misericórdia veiculadas pela Igreja Católica vai dando resposta a um concelho com mais de 300 mil habitantes.


Texto e fotos: Milene Câmara

 

Data de introdução: 2009-07-12



















editorial

NO CINQUENTENÁRIO DO 25 DE ABRIL

(...) Saudar Abril é reconhecer que há caminho a percorrer e seguir em frente: Um primeiro contributo será o da valorização da política e de quanto o serviço público dignifica o exercício da política e o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Liberdade e Democracia
Dentro de breves dias celebraremos os 50 anos do 25 de Abril. Muitas serão as opiniões sobre a importância desta efeméride. Uns considerarão que nenhum benefício...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Novo governo: boas e más notícias para a economia social
O Governo que acaba de tomar posse tem a sua investidura garantida pela promessa do PS de não apresentar nem viabilizar qualquer moção de rejeição do seu programa.