As pessoas, assim como as comunidades, instituições e povos, têm de aprender a conviver com “encruzilhadas” no seu percurso histórico, sob pena de poderem cair em leituras desajustadas da realidade e de tomarem decisões que em nada alteram rumos, porventura mal traçados.
Normalmente, é nestes momentos que lamentamos a falta de sinalização que nos permita apanhar a direcção correcta. Isto acontece nas estradas e passa-se também na vida.
E é nestes momentos que pagaríamos qualquer preço a quem nos aparecesse a apontar o rumo certo para nos encaminhar para o destino que buscamos.
Como é importante e altamente gratificante a missão de apontar caminhos, de sinalizar projectos de vida e até de construir saídas de emergência para quem se sentir desorientado e perdido na estrada da vida!
Aprender a ler os sinais dos tempos deveria ser preocupação profética de quem fez a opção de lidar com pessoas e comunidades humanas. Pais, educadores, governantes, autarcas, promotores sociais, jornalistas, eclesiásticos, psicólogos e sociólogos não podem deixar-se adormecer nem cair na tentação de se refugiarem na comodidade dos seus sofás e na prática cada vez mais recorrente de se refugiarem na aridez estatística que retira carga emocional e humana a situações que só um coração sensível pode entender.
A insensibilidade social aliada a uma atitude de pura racionalidade na abordagem de problemas humanos, sociais e até políticos podem constituir autênticos assassinatos morais sem castigo previsto no sistema penal!
Certos modelos económicos, várias opções de organização da sociedade, muitas leis com ideologia a mais e qualidade ética e técnica a menos, alguns sistemas educativos, muito discutíveis políticas de pendor ultraliberal que confiam ao funcionamento do mercado o presente e futuro dos cidadãos devem merecer um escrutínio atento e permanente de quem tem algum saber para sair ao caminho dos que abusam do poder para nos conduzirem para onde não queremos ir!
Os anos mais recentes da nossa jovem democracia têm-nos confrontado com situações de verdadeiras “encruzilhadas” no itinerário da construção da nossa cidadania que urge analisar e denunciar, se quisermos acautelar, em tempo útil, liberdades reconquistadas e justas ilusões de mais justiça social, menos pobreza, mais igualdade de oportunidades, melhor protecção da família, direito a oportunidades de trabalho, a habitação, acesso rápido e eficaz a cuidados de saúde e justiça, a uma escola que, pelo menos, abra a tempo e horas.
Sinaleiros sociais, precisam-se! É urgente transformar encruzilhadas em saídas bem sinalizadas que inspirem confiança a quem quiser caminhar!
Padre José Maia
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