Católicos portugueses são convidados a renunciar ao tabaco e aos doces e a doar esse dinheiro para ajudar vítimas do sismo.
Para milhares de portugueses, começa hoje a Quaresma. Quarenta dias de reflexão e sacrifício que só terminam na Páscoa. Este ano, uma grande parte dos bispos portugueses propõe que "na renúncia quaresmal se recolham fundos para ajudar as vítimas do sismo no Haiti", sublinha o padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portugal (CEP). Normalmente esta recolha visa ajudar obras sociais de países de língua portuguesa, mas este ano será o Haiti o principal destino das esmolas da Quaresma.
Uma das sugestões para os católicos nesta época de jejum é que acentuem o lado social e não apenas o sacrifício pessoal. "A proposta é para evitar o supérfluo, como o tabaco ou os doces. Não apenas como um sacrifício para si, mas oferecer o dinheiro que custa o tabaco ou os doces a uma obra de caridade", explica Manuel Morujão. E assim "não ficar no mero sacrifício pessoal mas contribuir para uma causa social e partilha", acrescenta.
Propostas como estas alteram a ideia de que a Quaresma é uma época em que os católicos não comem carne. O próprio padre Manuel Morujão reconhece que é uma visão que "começa a mudar". Até porque o importante é a renúncia de algo supérfluo e ao mesmo tempo ajudar os outros com essa penitência, adianta o porta-voz da CEP.
Este ano, a Quaresma apresenta ainda outro foco especial: a preparação da vinda do Papa Bento XVI a Portugal, em Maio. "Os bispos têm apelado nas mensagens quaresmais à unidade da Igreja e às iniciativas a tomar para uma melhor preparação da vinda do Santo Padre", reconhece Manuel Morujão. No entanto, neste momento as mensagens apelam sobretudo "à participação" da população. Uma vez que ainda faltam três meses para a viagem de Bento XVI a Portugal e não há nenhuma acção concreta.
Para esta Quaresma, a justiça também tem estado no centro das mensagens. O próprio Bento XVI lançou a questão na sua mensagem quaresmal e os bispos portugueses fizeram eco dessas palavras. "O Papa sublinha o tema da justiça segundo o Evangelho e a justiça revelada em Jesus Cristo, e estas palavras tornaram-se numa nota comum dos bispos", indica Manuel Morujão.
Fonte: Diário de Notícias
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