Os distritos de Lisboa, Porto e Setúbal registaram em 2009 uma diminuição na criminalidade violenta, mas continuam a manter um nível elevado de ocorrências. Atrás dos números gerais da criminalidade, traduzidos em centenas ou milhares de crimes e nas respectivas percentagens, há um mundo real marcado por um cenário assustador e vivido em cada dia pelos portugueses.
No distrito de Lisboa, em média por dia, aconteceram, no ano passado, 30 crimes violentos. Houve apenas uma diminuição de 0,7%, menos 76 casos que em 2008, num total de 10 876. Houve 15 pessoas que, a cada 24 horas, foram vítimas de roubos violentos na via pública (mais 12% que em 2008); em cada quatro dias as autoridades receberam uma mulher a denunciar uma violação (total de 91 casos, mais 12,3%); e praticamente todas as semanas alguém apresentou uma queixa por extorsão (44, mais 37,5%).
Em contrapartida, segundo dados oficiais da PJ, GNR e PSP a que o DN teve acesso em exclusivo, que analisam a evolução da criminalidade nos três principais distritos do País, no que diz respeito aos crimes que as autoridades classificam como mais graves, houve menos assaltos a bancos, a estações dos correios e a bombas de gasolina.
Mas, todos os dias, em média, houve 14 lisboetas que viram o seu carro roubado; 12 que sofreram assaltos nas suas casas; e 14 mulheres que tiveram a coragem de denunciar os maus tratos do seu cônjuge às autoridades. Pelo menos 22 pessoas, por dia, ficaram sem a carteira, sendo que, segundo o Inquérito Nacional de Vitimação (INV), recentemente divulgado, 68% não comunicam este crime às autoridades.
O tráfico de droga foi também um dos crimes mais detectados pelas forças de segurança de Lisboa, com um aumento de 72%, com uma média de quatro casos por dia. A droga é, de acordo com o INV, a principal preocupação de segurança dos portugueses.
No Porto, praticamente não houve alteração na criminalidade violenta, registando-se um decréscimo de apenas 0,1%, com um total de 3848 casos, numa média diária de dez crimes violentos por dia. A segurança dos portuenses, no seu dia-a-dia, não foi melhor que em 2008. Por dia houve 27 que viram os seus carros assaltados; 15 foram agredidos; oito ameaçados ou coagidos; 11 com as casas roubadas; e 15 mulheres a denunciarem violência doméstica.
A comprovar as palavras do secretário-geral de Segurança Interna, segundo o qual a crise económica tinha provocado o aumento do crime no Porto, está o registo de praticamente todos os dias ter havido dois casos de roubos em supermercados. Contrariando uma tendência nacional, no Porto registou-se um aumento quase para o triplo dos roubos a bancos, com 45 casos.
O distrito de Setúbal, que em 2008 foi alvo de uma das maiores crises de insegurança do País, viu em 2009 reforçadas as medidas de prevenção e a situação melhorou, com uma redução de 10,1% dos crimes violentos. Essencialmente devida aos homicídios, aos roubos com armas na via pública, e aos assaltos a bancos, correios e bombas de gasolina.
Ainda assim, todos os dias houve cinco setubalenses a ser assaltados na rua; sete a ficar sem carro; dez com pertences subtraídos das viaturas; seis com casas roubadas; e, em cada três dias, houve uma pessoa agredida gravemente.
Fonte: Diário de Notícias
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