A Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou em Viena a uma acção conjunta a nível europeu para que seja reduzido o fosso entre as regiões ocidental e oriental da Europa no que toca ao tratamento e prevenção da sida. A Leste, a epidemia avança ainda.
Enquanto a epidemia da sida está a estabilizar globalmente na Europa Ocidental, em muitos países da Europa de Leste ?ela está em explosão, fora de qualquer controlo?, segundo um comunicado da OMS divulgado no âmbito da Conferência Mundial sobre sida, a ter lugar em Viena. É precisamente na Europa de Leste que a epidemia está a ter a progressão mais rápida do mundo, alerta o documento.
Um dos casos citados pela OMS para ilustrar a diferença de situações entre as várias Europas é o da Ucrânia que, em 2007, apresentou taxas de infecção na ordem dos 1,6%.
Nesse país, em 2008, registaram-se mais de 15 mil casos de novas infecções. Estónia e Letónia (com 1,3% e 0,8%) são outras das situações graves de avanço da infecção por VIH, que está a ocorrer sobretudo entre os consumidores de droga injectável e cada vez mais entre heterossexuais.
O mesmo fenómeno está a tocar a Rússia nos últimos anos.
O fosso a que a OMS se refere diz respeito às medidas de prevenção tomadas pelas autoridades de saúde e acesso ao tratamento. No Leste europeu, essa é uma realidade quase inexistente.
“Estas disparidades são inaceitáveis”, afirmou Nikos Dedes, do grupos de acção europeu para o tratmento desta infecção.
Já um responsável pela OMS-Europa constatou que “a infecção na Europa depende do acesso aos serviços no Leste do continente”. Para Martin Donoghoe, “é preciso impedir o reaparecimento da epidemia na Europa de Leste”.
As referências da OMS à Europa Ocidental, em que Portugal se integra, salvaguardam que a estabilização da epidemia foi “globalmente” conseguida.
Entre as excepções aqui referidas situa-se Portugal, que continua a apresentar das mais elevadas taxas da União Europeia de infecção por VIH (próxima dos 0,5%), ainda que tenha conseguido progressos na contenção da epidemia entre os toxicodependentes.
Na generalidade dos nossos parceiros essa taxa ronda entre os 0,1% e os 0,2%, com alguns países do Sul a fixarem-se perto dos 4%.
Na Conferência Internacional Sida 2010 foram reveladas conversações entre a organização Unitaid e laboratórios farmacêuticos para comercialização de genéricos que tratem a doença. Mas algumas das principais marcas não têm mostrado interesse.
Fonte: Jornal de Notícias
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