URIPSS ALGARVE

Situação no Algarve tende a agravar-se

Se a crise chegou um pouco mais tarde ao Algarve, nos dias que correm as dificuldades das populações e, consequentemente, das IPSS da região começam, são evidentes e demonstram uma tendência crescente, como explica o presidente da União Regional das IPSS (URIPSS) do Algarve, José Carreiro.
Inicialmente, ao contrário das demais regiões do País, o Algarve parecia estar imune aos tempos difíceis que se viviam, mas a realidade actual é a de um forte aumento do desemprego, o que se reflecte directamente na vida das instituições.

“Relativamente ao resto do País, a crise chegou ao Algarve um pouco mais tarde. Enquanto nas outras regiões já se falava em crise, aqui ainda se vivia desafogadamente. Havia firmas de construção que estavam a ultimar obras, pelo que ainda tínhamos essa almofada económica. Neste momento, isso praticamente acabou e já há muitas empresas a fechar. E quando há empresas a fechar há mais desemprego e mais dificuldades”, explica José Carreiro, que olha o futuro com “apreensão”: “Como se ouve um pouco por todo o lado, a crise ainda vai piorar. Vai haver diminuição dos salários e aumento de desemprego e isso vai influenciar directamente a vida das instituições. Não se adivinham bons tempos, mas mais e mais problemas. E vamos ter fé que a Segurança Social cumpra com os Acordos de Cooperação que estão celebrados. Se isso falhar, então é um desastre”.

NOVA DIRECÇÃO PARA DINAMIZAR A UNIÃO

Das pouco mais que uma centena de IPSS que há na região algarvia, seis dezenas estão filiadas na URIPSS Algarve, o que confere à organização uma responsabilidade acrescida na defesa dos seus interesses e, especialmente, no seu apoio. Em fim de mandato, a actual direcção da União Regional prepara-se para eleições, com o presidente José Carreiro a assumir-se como candidato a novo mandato. No entanto, o actual presidente pretende renovar a equipa directiva, com o propósito de incrementar a actividade da estrutura.
“O grande objectivo desta renovação é tornar a União mais activa. Quero arranjar uma equipa de cinco pessoas que sejam activas, para que não sejam apenas dois, como até agora, a fazerem o trabalho todo”, sustenta José Carreiro, que tem ainda um outro objectivo para o próximo mandato: “Conseguir uma sede para a União, porque até agora tem sido albergada na instituição a que presido [Centro de Assistência Social Lucinda Anino dos Santos]. As pessoas que já contactei estão irmanadas deste espírito de arranjar uma sede, para que as pessoas que estão à frente das IPSS saibam que têm ali um posto de apoio, que é também das instituições”.

Uma sede, para onde os responsáveis pelas instituições possam canalizar as suas dúvidas e problemas, e a criação serviços de apoio às filiadas são os grandes objectivos para a nova Direcção da URIPSS Algarve, cujas eleições deverão acontecer ainda durante este mês de Julho.
“Hoje os responsáveis das instituições ligam logo directamente comigo e como vou a todas as reuniões da CNIS, estou mais habilitado a dar informação às IPSS. Dentro do que sei tento ajudar, mas é necessário conseguir também alguns serviços de profissionais, especialmente na área jurídica e económica, para se poder dar um maior e melhor apoio às IPSS”, defende o presidente candidato a novo mandato.

DIAS DIFÍCEIS PARA AS IPSS

Ainda sobre a situação que se vive na região algarvia, José Carreiro mostra-se, de facto, bastante apreensivo, uma vez que as dificuldades das famílias estão a afectar fortemente a vida das IPSS.
“Actualmente as instituições não estão a passar um bom momento. Em termos da valência do jardim-de-infância, que é aquela em que as instituições podiam ter alguma mais-valia, neste momento o que se verifica é que muitos pais não têm condições para pagar…”, começa por dizer, traçando um cenário que tende a agravar-se: “As mensalidades estão a baixar e há muitos pais que não têm condições para pagar nada e, como é óbvio, as instituições não as vão mandar embora… Continuam, pura e simplesmente, com as verbas que vêm dos Acordos de Cooperação, mas com as despesas a crescer, devido aos aumentos sucessivos dos preços dos produtos, especialmente devido ao IVA, a situação está a ficar muito complicada”.
Mas o sector da infância não é o único a ser afectado pela crise. Também as outras valências, terceira idade e deficiência, colocam cada vez mais problemas às IPSS.

“O sector da terceira idade ainda não revela grandes problemas, porque os idosos têm sempre a sua reforma para, de alguma forma, compensar, embora haja um fenómeno emergente que é o dos filhos necessitarem da reforma dos idosos para sobreviverem. Não quer dizer que seja algo generalizado, mas já há algumas situações dessas”, revela o presidente da URIPSS Algarve, prosseguindo: “Depois, a deficiência é sempre um sector deficitário, porque tem custos elevados. Os 80% de comparticipação da Segurança Social não cobrem os custos de cada utente e estes não têm uma comparticipação que cubra os 20% que faltam”.
A incerteza quanto ao futuro preocupa o responsável máximo pela União algarvia, que, no entanto, não perde a esperança em conseguir continuar a ajudar as IPSS.

“É este o cenário que se vive aqui, e também um pouco por todo o lado… Estamos a tentar segurar a situação, mas a verdade é que cada ano é sempre pior do que o anterior. O futuro é uma incógnita, mas vamos ver como conseguimos aguentar isto”, defende, explicando o que tem feito a URIPSS Algarve para lutar contra as adversidades: “O nosso grande esforço é tentar, junto da Segurança Social, que os Acordos de Cooperação não sejam diminuídos. Depois, tentar difundir junto das instituições o que a CNIS defende, no sentido, por exemplo, de se encontrarem receitas próprias, com base na Economia Social e através de outras situações que as instituições podem desenvolver. E, neste momento, é o caminho que estamos a trilhar para conseguir melhores condições para as IPSS da região”.

Pedro Vasco Oliveira (texto e foto)

 

Data de introdução: 2011-07-07



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...