OPINIÃO

Bélgica: sem governo… e sem aflição

A Bélgica ainda existe? Esta pergunta é, naturalmente, provocatória. Do ponto de vista territorial, ninguém põe em causa a existência de um estado europeu com este nome. A sua capital, Bruxelas, é uma cidade onde grandes instituições políticas de natureza internacional, como a União Europeia e a NATO têm a sua sede. E, no entanto, mesmo provocatória, a pergunta justifica-se, porque muita gente receia que a Bélgica, tal como a vemos hoje, não tenha futuro, como país uno e independente.

Depois de um longo período de “esquecimento” por parte da Comunicação Social, cerca um ano e meio pelo menos, a Bélgica voltou a motivar o interesse de alguns jornais europeus. Tudo porque estaria para breve a apresentação de mais um plano para os partidos políticos aprovarem no Parlamento uma solução com vista à formação de um novo governo. Já lá vai mais de ano meio que Bruxelas está sem governo, o que constitui um record difícil de bater, mas, pelo menos até ao momento, ninguém deu sinais de grande aflição. Aparentemente, os belgas passam bem sem governo.

Religião e Língua têm constituído, ao longo da História, o fundamento e o sinal mais expressivos da identidade de um Povo. Não são os únicos, mas são, geralmente, os mais vinculativos, mais a Religião do que a Língua, acrescente-se. Há quem morra em nome da Religião, mas raramente em nome da Língua.. O país Basco será a excepção mais conhecida. Mas, ao contrário do que acontece nesta região da península, a questão linguística nunca conheceu na Bélgica as tensões que atingiram no País Basco.

Houve um tempo em que a comunidade de língua francesa teve uma clara supremacia económica, cultural e política no conjunto da Bélgica. Hoje, esse lugar pertence aos flamengos. A sua sensibilidade face à constituição do governo manifesta-se pois muito mais visivelmente. De qualquer modo, pode dizer-se que, não obstante os exageros a que esta divisão linguística pode levar, ninguém parece ter medo de uma explosão próxima de uma guerra civil. O nível económico e cívico dos belgas é o verdadeiro fundamento da estabilidade do país. Mesmo assim, a situação chega para provar que um estado plurinacional acarreta sempre alguns riscos.

A grande maioria dos europeus aguarda pois com expectativa o novo plano interpartidário para a formação do próximo governo da Bruxelas. Mas, se ainda não for desta, ninguém morre por isso.

António José da Silva

 

Data de introdução: 2011-10-20



















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