CENTRO DE APOIO SOCIAL DO OLIVAL - V.N. OURÉM

Ajudar quem está só na velhice

Nasceu na segunda metade do século XX com o propósito de atender às necessidades dos mais idosos, muitos deles a viverem sós por força da ausência dos familiares.
“A questão dos emigrantes é uma agravante muito forte no concelho de Vila Nova de Ourém”, refere Armando Ferreira Neto, presidente do Centro de Apoio Social do Olival (CASO), explicando: “Como ainda hoje acontece por estas freguesias do concelho de Vila Nova de Ourém, mas aqui na freguesia do Olival é algo bem vincado, a necessidade de apoiar os familiares dos emigrantes é grande. Toda a gente tem familiares, especialmente em França, e os idosos que não foram ou os que emigraram mas já regressaram estavam muito pouco amparados, pelo que havia uma necessidade absoluta de criar um serviço de apoio”.
Foi assim no passado, é assim no presente e será, por certo, assim no futuro, tendo em conta os tempos difíceis que se vivem em Portugal… de tão pouco emprego.
Armando Ferreira Neto recorda que até há bem pouco tempo o concelho de Vila Nova de Ourém vivia uma situação económico-financeira estável e desafogada, mas a crise na construção civil deteriorou-a bastante.
“Até há um ano isto era o paraíso, porque o concelho vivia assente na construção civil e nas obras públicas, com muitos emigrantes regressados com grande capacidade de trabalho e de investimento…”, conta, recordando: “Desta freguesia saiam semanalmente muitas pessoas para todo o País para trabalharem nas obras públicas e os serviços complementares da construção civil funcionavam todos muito bem por aqui… Agora, com a crise, uma quantidade enorme de famílias que viviam bem dessa actividade, em pequenas empresas ou como assalariados, estão em pânico!”.
A situação deixa os responsáveis do Centro do Olival apreensivos, pois a diminuição do rendimento das famílias poderá, de futuro, reflectir-se nas contas da instituição.
A forte emigração da população do Olival deixa os idosos sós, mas de fora vêm receitas fundamentais.
“Os actuais utentes da instituição são na grande maioria oriundos da actividade agrícola, embora haja bastantes utentes que beneficiam de reformas do estrangeiro, dos países onde estiveram emigrados, o que é uma mais-valia para a sustentabilidade da instituição”, explica o presidente, acrescentando: “Isso dá-nos, e a eles também, uma margem para sobreviver melhor. Neste momento há essa almofada financeira das reformas de França que ajudam as pessoas a suportar as despesas do Centro de Dia ou do Lar, no futuro logo veremos…”.

13 ANOS DE CRESCIMENTO

Foi no início dos anos 1990 que um grupo de pessoas se mostrou preocupado com a situação dos mais idosos da freguesia, mas apenas em Outubro de 1997 as instalações do Centro do Olival foram inauguradas e só no ano seguinte a instituição começou a prestar serviço à comunidade, com Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário. Os mais velhos do Olival e de algumas freguesias vizinhas estavam a necessitar de apoio e a instituição respondeu.
A centralidade do Olival facilita o apoio a freguesias vizinhas, como Urqueira, Caxarias e a franja rural da freguesia de Nossa Senhora da Piedade e ainda Gondemaria, à qual entretanto cessou.
Actualmente, o edifício-sede da instituição acolhe as valências de Centro de Dia (35 utentes), Apoio Domiciliário (35), Centro de Convívio (entre 60 e 70) e serve ainda 120 refeições diárias às crianças do jardim-de-infância e do ensino básico que frequentam o ATL.
“Introduzimos o ATL através de um protocolo com a Câmara Municipal de Ourém para ATL, serviço de refeições e prolongamento de horário. Esta valência foi instalada num piso vago que inicialmente era para colocar umas camas no sentido de abrirmos um Lar Residencial, mas tal não era viável por questões de espaço”, esclarece Armando Ferreira Neto.
Mas um terreno disponível e um projecto aprovado para o qual os promotores não tinham liquidez levaram os responsáveis pela instituição a empreender uma candidatura ao PARES decididos em dar resposta a uma necessidade da freguesia do Olival e em cumprir um desejo antigo.
E assim, no final de 2011, um lar com capacidade para 30 utentes e uma creche para 12 crianças foram instalados há 5 e três meses, respectivamente, num edifício construído de raiz.
“As pessoas foram vivendo em Centro de Dia e com o apoio domiciliário até ao limite e agora estavam a surgir os problemas”, explica o presidente para justificar que “o Lar era uma necessidade absoluta”: “Abrimos com 30 camas e já temos uma lista de espera de cerca de 50 pessoas”.
Com a abertura do lar, Armando Neto vê uma janela para reforçar o apoio domiciliário para os sete dias, uma vez que a cozinha funciona em permanência todos os dias: “Vamos ver se a Segurança Social nos aprova esse processo, porque é fundamental”.

SUSTENTABILIDADE PRIMEIRO

Esta reserva do responsável pela CASO prende-se com as preocupações com a sustentabilidade da instituição.
“Neste momento estamos com um encargo financeiro muito grande, porque o financiamento do PARES não chegou aos 50%. Fizemos a hipoteca do edifício e temos um crédito para liquidar em sete anos, que estou confiante vamos cumprir”, explica, confessando: “Até aqui a instituição tem tido saúde financeira, agora com o Lar e a creche vamos ver. O próximo ano é chave para perceber se conseguimos pagar o que devemos ou não”.
E, em termos gerais, aos 20 funcionários que já asseguravam o Centro de Dia e o Apoio Domiciliário juntam-se agora mais 15 no lar e creche.
Por isso, para já, não vai haver mais investimentos até a situação estar mais equilibrada, mas Armando Neto confessa um sonho: “Neste momento, o grande anseio é que a instituição seja sustentável e estou confiante que sim. Seria importante criar na freguesia tipo mini apartamentos para famílias que vivem em locais com poucas condições”.
O Centro do Olival presta ainda apoio às famílias carenciadas da freguesia e não só através da distribuição de bens do Banco Alimentar.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2012-01-30



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...