OPINIÃO

Honduras: Regresso ao mapa

O impacto das tragédias na opinião pública internacional é sempre relativo. O número de vítimas é relevante, mas não constitui, só por si, o factor decisivo na sua valoração A localização geográfica e a importância política ou económica do país onde a tragédia teve lugar acabam, na maior parte dos casos, por definir o relevo que os “Media” lhe atribuem.
Vem isto a propósito do que aconteceu, há poucos dias, na República das Honduras, um Estado pequeno e pobre da América Central, cuja história social e política não difere substancialmente da de outros países daquela região do continente americano. Um incêndio na colonia penal de Comayagua provocou a morte de 357 reclusos em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas, mas suficientemente dramáticas para levantarem uma onda de clamores que apontam para a responsabilidade do Estado ou, pelo menos, dos seus servidores, nomeadamente funcionários que trabalham para o ministério da Justiça.
Para carregar ainda mais a imagem do país nesta matéria, os media vieram recordar a tragédia que ocorreu em 2004, quando 107 pessoas, entre as quais uma criança, morreram no presídio de S. Pedro de Sula, a segunda cidade do país, por ocasião de um motim entre detidos. Não é pois sem motivo que a República das Honduras passou a estar classificada entre os países latino americanos com piores condições prisionais, ao lado da Venezuela e de El Salvador.
Certamente que uma tragédia como a de Comayagua acabará por ter repercussões políticas, por acontecer num país que ainda não estará totalmente recuperado da crise política que, em 2009, levou à demissão forçada do então presidente Zelaya. O golpe, que foi sancionado, senão mesmo patrocinado, pelas autoridades judiciais, dividiu profundamente o povo e os países vizinhos, mas não teve, felizmente, as consequências que se temiam. Mesmo assim, os meios de Comunicação Social deram ao acontecimento um relevo claramente superior ao que lhes mereceu esta tragédia.
Depois de alguns anos de um relativo esquecimento, as Honduras estão de regresso ao mapa da opinião pública internacional, infelizmente, por causa de uma tragédia. Os clamores são muitos, mas tudo indica que as mudanças necessárias nesta matéria não chegarão depressa à América Latina.

António José da Silva

 

Data de introdução: 2012-03-11



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...