É a riqueza da nossa civilização e também a sua fraqueza…Os últimos ataques terroristas levados a cabo em França permitem concluir, com alguma probabilidade, que a Al Qaeda poderá estar a mudar de estratégia na sua guerra santa contra o Ocidente. Falamos do recurso a um só militante para atingir os efeitos pretendidos junto da opinião pública. Nos dois casos, o movimento serviu-se de um só terrorista, por coincidência o mesmo, para executar as suas promessas de vingança, o que conseguiu num curto espaço de tempo.
No que diz respeito ao “modus operandi”, nada que se assemelhe ao 11 de Setembro ou outros atentados mais ou menos mediáticos. Um atirador e uma moto chegaram para relançar a imagem de uma organização que pretende resistir ao desaparecimento do seu fundador e líder histórico: Ussama Bin Laden. Foi uma operação barata e relativamente fácil de concretizar.
Outra novidade desta operação terrorista decorreu ainda do facto de o seu autor ser um jovem cidadão francês, embora de origem magrebina. Apesar do conhecimento geral do trabalho de divulgação e captação de militantes em países da Europa ocidental, os resultados práticos desta missionação não foram, até agora, muito visíveis. Mesmo que sejam notórios alguns casos de conversão ao islamismo, não se pode dizer que na sua dimensão puramente religiosa, o islamismo tenha um grande poder de atracção junto da juventude ocidental. Já o mesmo não se pode dizer da sua vertente política que tem condições para seduzir alguns daqueles que se manifestam dispostos a colaborar com movimentos radicais de contestação ao que consideram ser o sistema desumano e injusto do capitalismo.
Mesmo sem a presença da figura mítica do seu fundador e líder, a Al Qaeda permanecerá, não se sabe ainda por quanto tempo, como forte ameaça à segurança e à paz no mundo, sobretudo no mundo ocidental. Aparentemente, a nossa civilização não dispõe de armas fáceis e seguras contra um fanatismo sacralizado pela fé. Não será pois uma surpresa completa se, dentro de algum tempo, assistirmos à multiplicação das críticas à actuação da polícia francesa, aquando da sua tentativa para capturar o jovem autor destes dois atentados terroristas.
José da Silva
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