Criado em 2009, foi apanhado no turbilhão da crise que, entretanto, tomou conta de Portugal. Por isso, o Centro Social e Cultural S. João D’Arroios anda há dois anos e meio a tentar concretizar o propósito que levou um grupo de pessoas de boa-vontade a fundar a IPSS.
“Os objectivos estão um bocado aquém das nossas expectativas iniciais”, começa por dizer José Gomes-Laranjo, presidente da instituição, explicando: “De facto, quando demos os primeiros passos, tínhamos em mente a criação de uma IPSS visando o Serviço de Apoio Domiciliário. Não foi ainda possível atingir esse desiderato, mas devo dizer que, entre 2009 e os dias de hoje, muita coisa mudou em termos de apoios à instalação deste tipo de unidades. E se em 2009, aparentemente, as coisas estariam um pouco mais simplificadas, o que acontece é que começámos a trabalhar nisto nessa altura, mas isto é um processo que leva algum tempo… O que é um facto é que, numa primeira fase, que dependia apenas de nós tudo foi cumprido. Estamos a falar de meados de 2010, e a partir daí é que tudo mudou, o paradigma do apoio social mudou, o apoio aos serviços do apoio domiciliário mudou, mas a nossa vontade não mudou”.
Como grande e primeiro objectivo de acção, o Centro Social e Cultural S. João D’Arroios pretendia, e pretende, implementar um Serviço de Apoio Domiciliário a uma população cada vez mais idosa e a viver em solidão no concelho de Vila Real.
“Há, efectivamente, essa noção, até porque uma boa parte dos associados do Centro Social são de Arroios, pelo que conhecemos muito bem as necessidades que existem na freguesia. No entanto, recordo uma coisa, e isso está nos nossos estatutos, é que o nosso âmbito de acção é concelhio, conforme, quando desencadeámos o processo de formação do Centro, nos foi solicitado pela Segurança Social. «Avancem, porque já ontem era tarde, pois realmente o concelho de Vila Real está muito carenciado deste tipo de serviços», foi-nos dito pela Segurança Social…”, recorda José Laranjo, acrescentando: “As necessidades existem na mesma, agora a questão de apoios para instalar novas unidades é que mudou bastante, uma vez que a Segurança Social não estabelece novos protocolos, daí as coisas estarem paradas”.
Nesse particular, a coisa afigura-se complicada, pelo que os responsáveis pela instituição terão que enveredar por um caminho diferente do que inicialmente tinham perspectivado. Desde a fundação do Centro S. João D’Arroios o principal obstáculo tem sido causado pelo momento económico que se vive no País e as alterações que surgiram nos apoios, pelo que os responsáveis estão cientes de que numa fase inicial nunca contarão com o apoio da Segurança Social até conseguirem demonstrar a benevolência da instituição e sua actividade…
“É isso que se passa com cada acordo de cooperação que a Segurança Social fez ou possa vir a fazer com as instituições, ou seja, primeiro quer ver as instituições no terreno”, frisa José Laranjo, explicando: “E propõe que as instituições estabeleçam de facto serviços de voluntariado, dentro daquilo que são os seus objectivos de acção. Esse é, neste momento, outro dos nossos desafios, ou seja, pormos no terreno serviços de voluntariado e aguardarmos pelo surgimento de programas de apoio, aos quais estamos muito atentos”.
De facto, toda a acção da novel instituição está manietada pela falta de apoio de quem esperava que o pudesse fazer, o que porém, segundo o presidente do Centro, não belisca a vontade dos dirigentes e associados.
“Isto causou atraso, mas não mudou a nossa vontade, o que mudou ligeiramente foram os nossos objectivos. Digamos que, apesar do Serviço de Apoio Domiciliário não estar ainda instalado, continua a ser um dos nossos objectivos, mas um Centro Social pode ter muitos mais objectivos, e temo-los nos Estatutos, muitas mais razões de ser e de existir. E esse é hoje o nosso grande desafio”, sustenta José Laranjo.
Para além de todos estes obstáculos, o Centro S. João D’Arroios debate-se ainda com o problema de não ter um espaço onde possa corporizar as suas actividades.
“De facto, é a falta de instalações, e já não digo tanto como sede, porque temos tido por cedência e simpatia da
Associação Cultural e Desportiva de Torneiros a sua sede tem sido a nossa sede também… Portanto, não é por falta de espaço para reuniões que não temos avançado… Agora, para o estabelecimento de um conjunto de serviços de voluntariado necessitamos de um espaço próprio. Não diria uma cantina, ou uma cozinha, mas um espaço para fazermos o que pretendemos em termos de voluntariado e que são os serviços básicos de enfermagem, um serviço para apoio na educação, tipo estudo acompanhado, o serviço de apoio pontual aos idosos nos seus domicílios e assim podermos dar algum apoio aos mais carenciados e aos idosos, que cada vez mais estão em casa, isolados e sozinhos”, argumenta José Laranjo.
A Direcção da instituição tem um espaço debaixo de olho e já desenvolveu contactos para o conseguir, mas o tempo tem passado e nada acontece.
“Aguardamos com muita expectativa um pedido que fizemos ao senhor presidente da Câmara para cedência, em comodato, das instalações desactivadas há muito da Escola Primária de Arroios. A nossa vontade era pegar naquele espaço, requalificá-lo pela acção dos associados e lá começarmos a fazer o voluntariado aos idosos mais carenciados e até aos jovens que precisam de apoio educativo. Esta é uma situação que se prolonga desde o Verão de 2011… É certo que sabemos que estes são processos que levam tempo, mas aguardamos com expectativa e serenidade por uma resolução”, revela o presidente do Centro, que deixa ainda um lamento: “E se da Câmara não tem havido sinais negativos, já da Junta de Freguesia de Arroios não temos sentido qualquer apoio, o que é algo que nos desagrada e entristece”.
Quanto ao futuro, José Laranjo é peremptório: “Aguardamos com muita expectativa a concretização prática das intenções de apoio às IPSS, porque é vontade deste ministro, pelo que tem dito, dar um papel de relevo às IPSS”.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
Data de introdução: 2012-06-21