O barómetro social vai emitindo para a opinião pública sinais preocupantes de apreensão pela forma como se está a desenvolver a convivência democrática, cada vez mais inquinada por gestos e práticas que deixam percecionar um conjunto de “iniquidades” ( o contrário de equidade)que, como se sabe, atentam contra um princípio basilar de consciência ética e organização política de um povo! A forma como, nos últimos tempos, têm sido tratados os mais pobres e frágeis, através de certas expressões menos abonatórias da sua dignidade e de medidas políticas eivadas de subtil segregação, é pólvora capaz de incendiar até os mais resignados e temerosos, ao mais pequeno rastilho! Convém não esquecer o adágio popular, hoje mais presente que nunca na sociedade portuguesa: “quem semeia ventos, colhe tempestades”!
Quando pousar a poeira do acórdão do Tribunal Constitucional e formos confrontados com as saídas encontradas pelo Governo para o fazer cumprir, através da proposta de orçamento a apresentar na Assembleia da República, ninguém perdoará ao Governo e ao Parlamento que não saibam interpretar o povo que representam, preferindo jogadas de ilusionismo político ao DEVER de, juntos, saberem prevenir o “terramoto social” que um orçamento manchado por INJUSTIÇAS poderá fazer eclodir!
Agora que muitas empresas vão entrar de férias, centenas e centenas de trabalhadores ficam com um nó na garganta, com receio de, no regresso ao trabalho, encontrarem num qualquer portão da empresa o temido anúncio: “encerrado”! O drama do desemprego, sobretudo o desemprego selvagem (sem justificação) é também uma iniquidade a que governantes, partidos políticos, empresários e sindicalistas terão de prestar muito mais atenção! Mais do que as “vaias” que já vão fazendo parte dos “cortejos ministeriais” devem os governantes tentar ouvir o clamor de “maiorias silenciosas” que pedem apenas pão, trabalho, saúde e educação!
Pe. José Maia
Data de introdução: 2012-08-14