A Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) alertou que o contexto socioeconómico que o país atravessa está a acarretar "desprotecção e riscos acrescidos à integridade e intervenção" destes técnicos. A presidente da associação manifestou "muita preocupação" com esta situação, sublinhando que são estes profissionais que estão "na linha da frente relativamente à aplicação, informação e explicação de medidas que se estão a revelar muito gravosas para a vida das pessoas e a implicar muito sofrimento". "É visível e sentida a degradação da coesão e do laço social, bem como o desespero e sofrimento das pessoas perante a crescente desprotecção social decorrente das limitações no acesso a prestações sociais e serviços públicos", adianta a associação. Devido a esta situação, os assistentes sociais estão a ficar "numa condição de alto risco social", advertiu a presidente da associação. Fernanda Rodrigues contou que há serviços com atendimento ao público feito por assistentes sociais que têm de recorrer a meios policiais. Com o agravamento das condições, há mais pessoas a procurarem os serviços para conseguirem apoios sociais adequados às suas situações. No entanto, sublinhou a responsável, "o afluxo que está a acontecer no recurso e no uso dos serviços é desproporcional relativamente aos meios que os serviços têm".
Esta situação está a traduzir-se "num acréscimo de trabalho e num acréscimo de tensão". "Há assistentes sociais a adoecer em função da pressão" e do tempo de trabalho a que estão sujeitos e por estarem a assistir a situações para as quais se sentem impotentes para resolver devido à escassez de recursos, alertou. De acordo com Fernanda Rodrigues, há técnicos com "cargas de trabalho absolutamente insuportáveis, não só do ponto de vista do que é fisicamente possível e profissionalmente aceitável, mas também do ponto de vista daquilo que pode ser feito com qualidade a favor da situação que as pessoas são portadoras".
Estas situações passam-se em várias áreas, nomeadamente no atendimento nos centros de saúde e hospitais, na acção social escolar, no ensino superior e na Segurança Social. Para evitar estes casos, Fernanda Rodrigues defendeu um reforço do número de profissionais e recursos "mais adequados às situações que existem". "Numa situação de desespero e de aflição que está a acontecer com muitas famílias portuguesas, assistir à retracção de algumas medidas de política social, vai em contramão relativamente àquilo que era esperado e necessário", lamentou.
Fernanda Rodrigues defendeu que os assistentes devem ser ouvidos a propósito de algumas medidas: a sua "experiência e o saber" podem "contribuir para recentrar as políticas sociais no fomento do bem estar, na defesa dos direitos humanos e nos valores da solidariedade e da justiça social, dando um contributo central para a sociedade portuguesa".
Data de introdução: 2013-02-20