Apresentada que está mais uma Formação Acção Solidária promovida pela CNIS e numa fase em que as primeiras sessões de formação já estão no terreno, o SOLIDARIEDADE ouviu a principal responsável pelo projecto, a assessora Palmira Macedo, que juntamente com alguns elementos da Universidade Católica, do Porto, coordenarão todo o FAS3. Das palavras da assessora da CNIS ressalta que este é um projecto maior e bem mais exigente do que os dois anteriores. Por seu turno, os responsáveis pelas IPSS que integramo FAS3 há um grande entusiasmo e a certeza de que esta é uma formação muito útil, não apenas para o momento presente, mas especialmente no sentrido de acautelar o futuro.
SOLIDARIEDADE - O que é o FAS3?
Palmira Macedo - Este FAS3 é uma consequência dos dois anteriores e resulta daquilo que vimos sentindo como sendo as necessidades das instituições que trabalham connosco e com quem temos estado a trabalhar nas duas anteriores formações. No final do FAS2, percebemos que a dificuldade que as instituições estavam a sentir era mesmo a questão da sustentabilidade e, por isso, fizemos esta candidatura. A metodologia da Formação - Acção mantém-se e os objectivos gerais também, mas com o enfoque na sustentabilidade. A grande alteração surge ao nível da consultoria, que vai ter mais horas – no FAS2 foram 20 a 25 horas, agora serão 80 horas por instituição –, que serão repartidas por um consultor-formador, que fará todo o acompanhamento e a ligação com a equipa do projecto e que irá elaborar o diagnóstico económico-financeiro, sendo coordenado por um consultor-coordenador da Universidade Católica, que irá definir as metodologias de intervenção.
Qual o principal objectivo do aumento das horas de consultoria?
Este aumento tem que ver com o facto de necessitarmos de fazer uma caracterização bem aprofundada da instituição para elaborar o plano de intervenção. Os três primeiros meses vão servir essencialmente para fazer a caracterização e definir muito bem a estratégia de intervenção, pelo que precisamos destas horas de consultoria. A intervenção vai ser depois na Formação - Acção que vai ter acções muito diversificadas adaptadas a cada instituição. Neste processo a fase inicial vai ser decisiva.
Para além de poder tentar resolver problemas do imediato, o FAS3 tem como grande propósito preparar o futuro?
Esta formação é concebida para dar resposta a problemas que existam e tentar ultrapassá-los. Nós temos, no fundo, que treinar as pessoas para saberem responder às dificuldades que vão surgindo. E se elas ficarem bem treinadas esta formação perdurará para além do projecto.
Houve interesse de mais IPSS em integrarem este FAS3?
Numa primeira auscultação chegámos a 160 instituições, depois fizemos a candidatura para 93 e ficámos com 81… cortaram-nos 12, mas há distritos que têm lista de espera.
E esta é uma formação só para dirigentes ou também para técnicos?
A Formação - Acção nas instituições é para dirigentes, para técnicos e para todos os trabalhadores. Vai haver módulos em que vão estar praticamente só dirigentes, outros só trabalhadores de determinadas áreas, noutros sobretudo auxiliares, etc… A formação padronizada, que chamamos de Gestão para Dirigentes, quando a concebemos era fundamentalmente para os voluntários dos órgãos sociais, mas também já admitíamos que estes fossem convidar os directores-técnicos. E também admitimos que técnicos que tenham sobre si responsabilidades na gestão que também necessitem deste treino e de adquirir estas competências.
Quais são as expectativas para estes 18 meses de FAS3?
Nós iniciamos sempre estes projectos com alguma apreensão, mas temos sempre a motivação de que tem que correr muito bem e que tem que cumprir os objectivos. Este é mais ambicioso do que os anteriores, porque as IPSS vão ter que ficar treinadas para dar resposta a situações que já existam, mas também a possuir os instrumentos que lhes permitam resistir no futuro. Como disse o padre Lino Maia, estamos a trabalhar com as IPSS e as instituições ou estão empenhadas e a coisa resulta muito bem, senão podemos ter os melhores formadores e as melhores estratégias que nunca teremos sucesso. Esta reunião deixou-nos mais optimistas.
IPSS DESTINATÁRIAS
Pelo lado das IPSS destinatárias, o SOLIDARIDADE ouviu algumas opiniões que agora aqui deixa.
Rogério Monteiro (presidente do Centro de Bem-Estar Social de Glória do Ribatejo, Salvaterra de Magos): “Percebemos que esta acção que é levada a cabo pela CNIS trazia inovação, conhecimento e melhoria e a instituição que dirijo está aberta a tudo isso. Após esta sessão fiquei ainda com mais expectativas de que esta acção vai ser um sucesso. Assegurar a sustentabilidade é o dia-a-dia de quem dirige estas instituições… A nossa instituição, actualmente, não está num momento de grande aflição, mas entendemos que o futuro é uma coisa incerta e esta acção vai-nos preparar para termos instrumentos no futuro para resolver situações com que nos iremos deparar e irão ser muitas, com certeza”.
António José Onofre (vice-presidente do Centro Social Paroquial Moita dos Ferreiros, Lourinhã): “O que nos fez candidatar ao FAS3 foi a preocupação dos Corpos Sociais, bem como da Direcção-Técnica, da instituição com a qualidade e com a sustentabilidade, que é o ponto-chave no actual momento. Todas as acções que existirem neste âmbito são importantíssimas para que consigamos a sustentação das instituições. É importante o contributo de todos, pois faz um todo melhor para a instituição e para os utentes e só assim seremos capazes de responder às necessidades actuais e à falta de dinheiro que no momento actual as IPSS estão a sentir. Estas formações, e assim consigamos aderir e aprender com elas, são importantes para nos sensibilizar para um maior acompanhamento e sabermos melhor no que é que estamos a mexer. A minha instituição é relativamente pequena, mas já movimenta um milhão de euros por ano… Já é uma empresa que não tem que ser rentável, mas tem que ser sustentável”.
Carlos Lemos (presidente da Associação Fermentelense de Assistência, Águeda): “Quando participei na fase final do FAS2 tomei conhecimento do FAS3 e, desde aí, a necessidade de formação para todos os funcionários e dirigentes e o facto de preparar melhor a sustentabilidade da instituição é uma mais-valia. A nível de sustentabilidade, esta acção poderá abrir-nos os olhos para pequenas questões que pensamos estar a fazer bem e que, por vezes, estamos a fazer mal sem o sabermos. A nível de formação dos funcionários, penso que vai ser um grande contributo. A boa vontade não chega e como somos voluntários, muitas vezes, a nossa formação não é vocacionada para estas áreas. Por isso mesmo estamos no FAS3 para que a instituição continue a andar no bom caminho”.
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