O Projeto European Collaboration on Dementia (Eurocode), conduzido pela Alzheimer Europe, estima que 7,3 milhões de cidadãos europeus sofrem de uma das várias formas de demência. Em Portugal calcula-se que este numero seja de cerca de 153.000 pessoas, das quais 90.000 com doença de Alzheimer. Esta doença, de causa ainda desconhecida, provoca a neuro degeneração e o consequente agravamento, progressivo e irreversível, das funções cerebrais, culminando na total perda de autonomia. Tendo em conta a sua frequência é habitual confundir-se doença de Alzheimer com demência.
De entre as diversas patologias que afectam os idosos, as demências, destacam-se como as mais incapacitantes, susceptíveis de causar uma deterioração cognitiva e emocional que interfere nas actividades da vida diária e na qualidade de vida, levando à perda de independência e de autonomia. Embora estas patologias sejam objecto de especial atenção e estudo, o conhecimento sobre elas, dada a sua complexidade e especificidade, implica que o trabalho dos cuidadores se veja muito dificultado.
Como todos sabemos, as nossas IPSS têm nas suas diversas respostas sociais para os idosos, utentes com estas patologias, que tentam, com os meios de que dispõem, responder o melhor possível retardando a evolução da doença.
Durante a realização do FAS2, foram várias as IPSS que nos evidenciaram as dificuldades acrescidas que tinham com os utentes demenciados. A constatação desta necessidade levou a CNIS a propor a criação de um grupo de trabalho, denominado “FAS – Saúde”, constituído por um conjunto de IPSS destinatárias do FAS2 que tem sido acompanhado por professores do Instituto das Ciências da Saúde da Católica do Porto.
Este grupo dividiu-se em cinco subgrupos que estão a reflectir e a trazer para a discussão as suas experiências e boas práticas sobre os seguintes temas: Actividades Psicomotoras; Actividades da Vida Diária; Medicação e Gestão de Medicamentos; Nutrição e o Idoso; Ambiente e Estimulação Cognitiva.
Com o estudo destas cinco áreas temáticas pretende-se respectivamente:
- Sugerir um conjunto de actividades lúdicas, físicas e psicomotoras que se ajustem aos idosos com patologias demenciais, criar um plano de actividades adequado a cada estádio da doença de forma a proporcionar uma melhor qualidade de vida, e se possível, retardar os efeitos da evolução da doença;
- Ajudar a pessoa idosa a manter e alcançar o máximo de autonomia, trabalhar as capacidades no domínio da motivação, força de vontade, satisfação e objectivos de vida;
- Alertar para os problemas relacionados com a medicação, quantidade e diversidade (o adulto idoso toma em média 5 a 12 medicações por dia), desperdício versus rentabilização, custos versus sustentabilidade (alguns medicamentos usados para tratar síndromes demenciais tem custos muito elevados);
- Cuidar da alimentação como um dos principais factores que influencia a qualidade de vida do idoso, dado o envelhecimento produzir mudanças fisiológicas importantes que podem modificar as necessidades nutricionais;
- Estimulação cognitiva com vista a manter um elevado funcionamento físico e mental, um envolvimento/compromisso activo com a vida, a uma ocupação gratificante do tempo livre.
O resultado do trabalho destes grupos temáticos está em fase de conclusão. No entanto, considerando a importância que a problemática da demência tem para muitas das nossas IPSS, o Centro de Estudos Sociais, irá aprofundar o trabalho desenvolvido e promoverá sessões de divulgação. Pretende assim o CES, disseminar o conhecimento obtido e contribuir para que as nossas IPSS adquiram capacidades adicionais para prestar um melhor serviço aos seus utentes.
Palmira Macedo, Membro do Centro de Estudos Sociais da CNIS
Data de introdução: 2013-04-28