Ainda a tarde ia a meio e a opinião generalizada era a de um retumbante sucesso da sétima edição da Festa da Solidariedade realizada, no passado dia 29 de Junho, na Guarda.
Os principais responsáveis pela organização do evento, não esconderam a enorme satisfação pelo êxito do evento de 2013, bem expresso na maciça presença de IPSS, em representação de um número recorde de distritos, 12 no total.
O padre Virgílio Ardérius, presidente da UDIPSS da Guarda e principal responsável pela organização do evento no local, estava visivelmente satisfeito, um sentimento transmitido nas suas palavras ao SOLIDARIEDADE, em pleno Parque Municipal: “Parece-me que a opinião é unânime sobre o êxito que foi fazer esta iniciativa na cidade da Guarda. A preparação foi bem pensada e foi executada conforme os planos. Quisemos, este ano, fazer da Festa da Solidariedade um encontro inter-geracional, com muita animação e muito convívio entre os mais velhos e os mais novos, e também uma festa inter-institucional, o
que conseguimos com a participação de muitas instituições, como os bombeiros, os escuteiros, a Cáritas, que se associaram com alegria e boa vontade a esta festa. Estes encontros têm razão de ser no aspecto de terem uma abrangência maior, ou seja, não serem apenas as IPSS a reunir e a festejar, mas todos aqueles que estão dedicados à solidariedade”.
Por seu turno, o presidente da CNIS começou por sublinhar o carácter solidário das gentes da Beira Interior: “Esta é uma Festa da Solidariedade com uma participação muitíssimo boa. A Guarda esmerou-se na preparação e no acolhimento. Nesta cidade há uma grande actividade solidária. Há muitas instituições e muito boas, porque são instituições voltadas para as pessoas. Movimentaram-se muito bem, foram muito bem lideradas e, como disse, prepararam e acolheram muito bem esta Festa. E diria que houve uma grande adesão nacional. Só vem realmente a estes eventos quem tem muito amor a esta causa, pois não faltam assédios, convites e oportunidades… E isso mostra que as instituições neste País são aquilo que de melhor há, são a grande almofada social, têm consciência disso e não desistem, são resilientes”.
Também Eleutério Alves, membro da Direcção da CNIS e responsável pela iniciativa, relevava o êxito do evento na Guarda, algo já esperado, na sua opinião.
“Este ano é a sétima edição da Festa da Solidariedade e quando escolhemos a cidade da Guarda já prevíamos que fosse um sucesso”, sustentou, justificando: “Quem esteve aqui na Guarda e assistiu à chegada da Chama, com a grande evolvente humana e a animação durante várias horas da noite, percebeu logo que a Festa ainda seria melhor. E hoje a Festa está a atingir o sucesso que esperávamos, com 12 distritos representados. Podemos dizer que a Guarda é hoje a Capital da Solidariedade”.
Para o padre Virgílio Ardérius esta enorme adesão das IPSS à Festa na Guarda é mais um motivo de grande satisfação.
“É um êxito, porque em relação a outros encontros anteriores, tenho impressão que batemos o recorde em número de presenças e de representatividade dos distritos… O que é outro motivo de alegria”, defendeu, acrescentando: “Por isso, espero que os que vieram de longe, quer de Norte, quer de Sul, tenham ficado contentes com este encontro. Esta tem sido a opinião unânime que tenho ouvido e recolhido desde que a Festa começou”.
SOLIDARIEDADE REFORÇADA
Com o País e as populações em grandes dificuldades e com tão maciça participação das instituições, os
promotores da Festa e Chama estão convictos de que a “solidariedade sai reforçada” do encontro na Guarda.
“Dia a dia, cada vez se reforça mais”, sustentou o presidente da CNIS, argumentando: “Penso que é a única área deste País em que os agentes, não sendo as mesmas pessoas, se identificam com os beneficiários. São pessoas em favor de pessoas e quando falamos disto, de facto, nada nem ninguém nos vence, porque o entusiasmo é grande”.
E, na verdade, quem passou pelo Parque Municipal da Guarda, na véspera pela Praça Velha, ou de manhã pelo Estádio Municipal, não ficou com dúvidas de que a solidariedade saiu revitalizada da cidade mais alta de Portugal.
“A Solidariedade sai reforçada, primeiro, no íntimo de cada um e, depois, também no sentido de pertença a este movimento, porque isto é um movimento dinâmico”, destacou o presidente da UDIPSS da Guarda, que acrescentou: “As IPSS não podem estar adormecidas, têm que viver numa dinâmica constante para melhorar, em quantidade, em qualidade, em voluntariado e também a nível das respostas sociais, que têm que melhorar na sua qualidade. Penso que estamos no bom caminho”.
GOVERNO NA MIRA
O presidente da CNIS deixou ainda um amargo, num dia em que as IPSS voltaram a dar um sinal de
grande vitalidade. No discurso que proferiu, dirigindo-se às centenas de pessoas presentes no Parque Municipal, o padre Lino Maia terminou com um sintomático “força e em frente”.
“Cada vez mais, não desistir é a palavra de ordem”, defendeu, lançando uma dura crítica ao Governo: “Gosto muito de ser Português e estou absolutamente indignado com esta curvatura nacional… Perdemos a soberania e estamos, cada vez mais, nas mãos de uma Troika estrangeira que não sabe o que é Portugal. O Governo faz vénias a uma Troika e isso não pode ser”.
O líder da CNIS foi mais longe e deixou de forma clara qual a posição das IPSS: “As instituições de solidariedade dizem basta às vénias e dizem que temos que estar atentos às pessoas. Força e em frente e vamos dizer basta… E que o orgulho nacional regresse ao povo português”.
Na cidade mais alta de Portugal também se ergueu a voz crítica do padre Virgílio Ardérius, por entre um incentivo a todos os que são solidários: “Para todos os que vieram, quero deixar uma mensagem para que não deixem esmorecer nos seus corações a Chama da Solidariedade. E para aqueles que não vieram, que estão longe, e a começar pelos nossos governantes, digo para porem os olhos nestes acontecimentos, nesta Festa da Solidariedade feita na Guarda, porque têm muito que aprender”.
PORTO EM 2014
Finda a Festa da Solidariedade 2013, há que pensar e pôr em marcha a organização da edição 2014 e, ao que tudo indica, o Porto é a cidade escolhida. O presidente da CNIS anunciou-o no seu discurso aos presentes na Guarda, mas ainda falta desenvolver os procedimentos normais para que tal ideia se
concretize. No entanto, a probabilidade de a cidade Invicta acolher a oitava edição da Festa e Chama da Solidariedade é enorme. Aliás, na opinião do padre Lino Maia, o Porto tem sido uma escolha adiada.
“Ser o Porto a acolher a Festa em 2014 é uma hipótese consistente, já se falava há uns tempos nessa hipótese e, talvez, também já seja chegada a hora do Porto. Esta é a sétima edição, já percorremos o País, desde Braga a Faro… A próxima será no Porto, depois de Braga, mais a Norte, e Faro, mais a Sul, passando por Lisboa, Castelo Branco, Barcelos, Viseu, Santarém e agora a Guarda. O Porto tem sido um pouco posto de parte por causa da sede da CNIS ser lá, mas também não pode ser marginalizado”, defendeu o padre Lino Maia.
Sendo nos últimos anos a pessoa responsável no seio da Direcção da CNIS pela organização da Festa da Solidariedade, Eleutério Alves confirmou, de alguma forma, o que fora anunciado em palco.
“O nosso presidente deixou aqui a mensagem de que a oitava edição será quase garantidamente no Porto. A cidade do Porto nunca recebeu a Festa da Solidariedade, assistiu apenas à passagem da Chama, quando esta ia de Lisboa para Barcelos, pelo que em 2014 chegou a altura de receber a Festa”, argumentou o tesoureiro da CNIS, reforçando a razão de ser do evento, especialmente quando o País e as populações passam muitas dificuldades.
“Um evento deste género faz sempre sentido. Um evento que pretende promover as boas práticas das instituições faz sempre sentido. As instituições, como disse o nosso presidente, trabalham bem, fazem o bem e fazem-no bem feito, se não fossem estas instituições a qualidade de vida de muitos cidadãos não era aquela que têm hoje. Actualmente, respondemos às solicitações de angústia social que se
apresentam nos distritos, pelo que é importante um dia como este, até para que as populações e as comunidades reconheçam o que de bom se faz nas IPSS. Penso que a mensagem que sai daqui da Guarda, que é a cidade mais alta de Portugal, vai descer pelas encostas da Serra da Estrela e vai chegar a todo o Portugal e esta é uma mensagem de fé, de esperança e de confiança e devemos acreditar que vai inundar todas as IPSS e todas as pessoas. Quero acreditar que o resto de 2013 e o 2014 vão ser anos, de muito trabalho também, mas de sucesso para o que se faz nas nossas IPSS”.
No mesmo sentido, Eleutério Alves insiste no carácter fundamental da Chama da Solidariedade.
“Claro que continua a fazer sentido levar essa luz e esse calor por Portugal fora, porque não podemos fazer uma festa destas em todas as localidades, mas podemos fazer passar a mensagem, e a Chama é isso mesmo. A Chama é um caminhar da mensagem da solidariedade que vai passando de mão em mão, de braço em braço, de terra em terra, que desta vez uniu o ponto mais a Sul, que foi Lagos, ao ponto mais alto que é a Guarda. Uma Chama que foi muito acarinhada em Setúbal, Lisboa, Leiria e Coimbra, distritos por onde viajou até chegar aqui à Guarda. Foram milhares de pessoas que estiveram envolvidas no percurso da Chama, pelo que faz todo o sentido continuar a fazê-la viajar pelo território”.
A terminar, o elemento da Direcção da CNIS levantou um pouco o véu do que poderá ser o percurso da Chama em 2014, com o Nordeste Transmontano e o Barroso a ganharem destaque.
“No próximo ano, a Chama irá da Guarda até ao Porto, provavelmente pelas terras do Nordeste Transmontano e pelas terras de Montalegre. Vai subir ao ponto mais recôndito do Interior de Portugal até ao Porto, uma cidade solidária”.
P.V.O.
Data de introdução: 2013-07-15