O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) disse ser "normal" que se fale em retoma económica dada a proximidade de eleições, referindo não estar "muito optimista" quanto a esta matéria. "Avizinhando-se um período eleitoral, é normal que se fale em retoma, é normal que se explorem sinais que ninguém vê com suficiente clareza", afirmou Lino Maia, em Fátima, onde a CNIS promove um encontro nacional de responsáveis de lares de infância e juventude.
O presidente da CNIS salientou que o país vai entrar "agora num período eleitoral", primeiro com as eleições para o Parlamento Europeu e, depois, eleições legislativas. "Até 2018 vamos estar sempre em ciclos eleitorais (...). Nós sabemos como estas coisas são", declarou Lino Maia, adiantando: "Quem está, de facto, de parabéns - se podermos falar de parabéns - é o povo português, que tem sabido estar, que tem sabido dar-se, tem sabido compreender alguns esforços. É o povo português que merece, de facto, ser eleito e não propriamente utilizado", considerou.
Confrontado com as declarações do líder do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na abertura do congresso social-democrata, que anunciou a melhoria do país nos últimos dois anos, mas sublinhando que se pagou "um preço muito elevado", o presidente da CNIS acrescentou: "Gostava de acreditar [na retoma económica], mas não estou assim muito optimista". "É possível que o país tenha melhorado, não tanto economicamente, isso está pior", garantiu o sacerdote, sublinhando: "Portugal está mais pobre".
O responsável adiantou: "A situação, de facto, está pior e nós vemos neste sector que muita gente e mais pobre nos vai batendo à porta diariamente". "Gostaria que houvesse retoma, mas Portugal não voltará, certamente, àquilo que já foi. Talvez tenhamos vivido numa certa ilusão, mas eu continuo a pensar que ainda não há condições para uma retoma séria, porque também não tem havido opções fundamentais que são necessárias para este país", continuou.
O responsável defendeu que uma "opção fundamental" passa por políticas do território, que "não têm havido". "Continuamos todos muito voltados para o litoral, voltados para as grandes metrópoles, o interior está muito desertificado, muito empobrecido, muito envelhecido, muito abandonado e é dali que poderá vir uma nova aurora para este país", observou, considerando que "é dali que tem que vir a retoma e é para ali que é preciso voltar o nosso olhar".
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