O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência(IDT), Nuno Freitas, disse que o consumo de cannabis está generalizado nas escolas e é precisa uma nova abordagem com pais, professores e estudantes. De acordo com o presidente do IDT, aquela droga está muito disponível e o consumo "tem uma prevalência enorme" na população escolar, situando-se na fronteira dos consumos problemáticos".
"As estratégias têm de ser integradas e é preciso fazer uma aposta mais consistente no meio escolar, que envolva os pais, os professores e os estudantes para que menos jovens entrem na droga, porque não há drogas duras e drogas leves: há drogas simplesmente", afirmou.
Nuno Freitas comentava os dados do relatório anual da evolução do fenómeno da droga na União Europeia e na Noruega, hoje apresentado no Europarque, em Santa Maria da Feira, no ultimo dia do I Congresso do Instituto da Droga e da Toxicodependência, onde está a ser feito o balanço da estratégia nacional de combate à droga, no período de 1999 a 2004.
No que respeita a Portugal, o relatório do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (OEDT) regista um aumento do consumo de cannabis, anfetaminas e cocaína e uma diminuição do consumo de drogas injectadas.
Gonçalo Felgueiras e Sousa, que apresentou a síntese da situação nacional, disse que "Portugal está a assimilar uma cultura de consumo que é tradicional do norte da Europa, registando-se um aumento do consumo de drogas sintéticas [ecstasy] e uma diminuição dos opiácidos [heroína]".
De acordo com aquele orador, verifica-se uma estabilização, se não mesmo diminuição do consumo de heroína, mas tem aumentado nas escolas o consumo de cannabis e de cocaína.
Um dos pontos em que Portugal difere do panorama europeu, para melhor, é na "grande diminuição" do número de mortes associadas ao consumo de droga, levando em linha de conta os dados fornecidos pelo Instituto de Medicina Legal.
Para Gonçalo Felgueiras, a esse "sucesso" da estratégia nacional de combate à droga deverá estar associado o programa da troca de seringas.
Já quanto ao aumento do consumo de álcool, o Observatório não tem informação disponível porque não faz parte das suas atribuições, mas tem sido detectada uma tendência crescente de consumo nas camadas jovens, associado a outras drogas, nomeadamente ecstasy.
Por esse facto é admitido que o Observatório Europeu venha no futuro a estender a sua acção também ao consumo de bebidas alcoólicas, já que está intimamente ligado a fenómenos novos de consumo de várias drogas em simultâneo.
A apresentação geral do relatório, em termos europeus, esteve a cargo do coordenador geral do Observatório, Jaume Bardolet, o qual apontou como sinais-chave positivos a estabilização do consumo de heroína, a redução de infectados com HIV/SIDA nos consumidores de drogas injectáveis e a melhoria do acesso aos cuidados de saúde e tratamento.
Os sinais negativos que indicou nas tendências europeias são o facto de se manter elevado o consumo de drogas na Europa e de ser ainda alto o número de mortes, a prevalência de comportamentos de risco e o crescente consumo de cocaína, ecstasy e cannabis em algumas zonas europeias.
Mesmo quanto à estabilização da heroína, Janne Bardolet disse que o problema não pode ser descurado e deve ser visto com atenção, face à previsível pressão resultante do aumento de produção em países como o Afeganistão.
Data de introdução: 2004-12-01