Universidade Católica avalia Casa do Gaiato

Obra do Padre Américo encomenda estudo à universidade para responder às críticas da Inspecção da Segurança Social

A Universidade Católica vai realizar um estudo para avaliar como se inseriram na sociedade antigos internos da Casa do Gaiato, uma instituição para menores em risco cujo trabalho foi questionado por inspectores do Ministério da Segurança Social. 
O director geral da Casa do Gaiato, padre Acílio Fernandes, disse ontem à Lusa (citada pelo Público) que o estudo foi encomendado "recentemente" pela própria instituição para servir de base a uma "resposta alicerçada" às acusações da Segurança Social. 

Acílio Fernandes desafiou o Estado a fazer idêntica avaliação nas instituições de acolhimento que patrocina e manifestou-se convicto de que o estudo da Universidade Católica vai "desmontar" os argumentos dos que "afrontam" a pedagogia adoptada na Casa do Gaiato.

"A experiência acumulada no trabalho com estes rapazes permite-nos antever que vamos ter excelentes resultados", disse Acílio Fernandes, que falava na sede da Casa do Gaiato, em Paço de Sousa (Penafiel), à margem da cerimónia da inauguração da nova biblioteca da instituição ."O mesmo não poderiam dizer responsáveis de instituições queridas do Estado face a idêntica avaliação", assegurou.

Joaquim AzevedoCom o estudo encomendado à Universidade Católica e coordenado pelo professor Joaquim Azevedo pretende-se saber o rumo de vida dos rapazes que terminaram nos últimos dez anos um período de "reeducação" na instituição fundada em 1940 pelo padre Américo Aguiar.

"Em concreto, pretende-se saber como vivem, se constituíram família, a sua situação profissional, se alcançaram ou não os objectivos de vida sonhados", descreveu Acílio Fernandes, declarando desconhecer quando estará concluída essa avaliação.

O relatório final de uma auditoria da Inspecção-Geral do Ministério da Segurança Social à Casa do Gaiato, divulgado em meados de Novembro, questiona os métodos usados na instituição, assinalando indícios de maus-tratos psicológicos e físicos aos internos.

Com cinco centros de acolhimento em Portugal, dois em Angola e um em Moçambique, a Casa do Gaiato é responsável por cerca de 750 crianças e jovens em risco. Dispensa apoios estatais, preferindo viver de contributos populares e da venda do que produz nas suas quintas.

Também desvaloriza o trabalho dos pedopsiquiatras e de outros técnicos, apostando na reabilitação de menores em risco através de um "tríptico" constituído por educação religiosa, formação profissional e vida sadia em quintas da instituição. Sujeito a estes métodos, o interno da Casa do Gaiato "adquire um modo e sentido de vida", teorizou Ernesto Candeias Martins no seu livro "O Projecto Educativo do Padre Américo".

 

Data de introdução: 2004-12-12




















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