Bispos consideram Irmã Lúcia exemplo de fé

A figura e a vida da Irmã Lúcia foram recordadas como um "exemplo de fé" por vários bispos católicos portugueses, que elogiaram a sua discrição apesar do protagonismo da Mensagem de Fátima.

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. António Marcelino, considerou que a Irmã Lúcia "representa uma certeza de fidelidade muito forte a Deus", que "soube estar sempre presente de maneira discreta e eficaz". Na opinião deste prelado, bispo de Aveiro, a religiosa "é mais alguém no Céu que vai zelar por nós".

No entanto, a "Igreja não fica pobre com a morte de ninguém" e esta situação já era esperada pela hierarquia religiosa. "Com a idade dela, canto com alegria a sua vida e confio plenamente na sua salvação", afirmou, salientando que "a mensagem de Fátima é um eco da mensagem do Evangelho".

Por seu turno, Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Científica da Documentação Crítica de Fátima, recorda o "seu papel de mulher simples que acolheu o mistério de Deus".

"Durante uma longa vida testemunhou a humildade de ter sido beneficiada por um grande dom que merece a nossa veneração por esse facto", salientou o bispo, elogiando a "sua disponibilidade para o mistério". Para este responsável, que analisou toda a documentação escrita pela religiosa, ficou patente uma "faceta de normalidade de alguém que vivia a sua vida sem pensar na sua importância histórica".

"Era uma criança plenamente normal nas suas traquinices e na sua capacidade de viver a alegria e de se interrogar", recorda. A morte da religiosa, aos 97 anos, já era esperada pelos crentes e não coloca em causa a divulgação da Mensagem de Fátima, que "tem um corpo doutrinal plenamente consolidado", sublinhou.

Opinião semelhante tem D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, considerando que a sua discrição permitiu que o Santuário e a Mensagem de Fátima criassem uma existência plenamente autónoma da sua vida. "A irmã Lúcia viveu sempre escondida numa penumbra" e "nunca foi vista como uma artista de acontecimentos mundanos", recorda o prelado. "Acho que foi uma pessoa que esteve na origem de uma grande marca da espiritualidade do século XX e do início do século XXI. E, a meu ver, o seu escondimento e desejo de não ter protagonismo foi aquilo que prevaleceu", considerou.

Por outro lado, "viveu também uma feliz oportunidade de ser testemunha de um esforço cultural para que Fátima seja um acontecimento de estudo e de reflexão", salientou D. Januário Torgal Ferreira, elogiando o esforço do Santuário em se transformar num centro de fé católica de nível mundial.

 

Data de introdução: 2005-02-16



















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