SOLIDARIEDADE

Faltam voluntários para peditórios

A Cáritas assinala, no próximo domingo, o seu Dia Nacional com o peditório anual, que deverá decorrer quinta, sexta e sábado em todo o país, recolhendo donativos para os mais carenciados, aos quais presta apoio desde que foi criada pela Igreja Católica, há cerca de sessenta anos.
O presidente da Cáritas Portuguesa revelou, entretanto, que os donativos para peditórios nacionais diminuíram nos últimos anos devido à dificuldade em conseguir voluntários e não à falta de generosidade dos portugueses.

Em declarações à Agência Lusa, Eugénio Fonseca, disse que no peditório de 2004 a Cáritas recolheu 230 mil euros, menos 9.000 euros que no anterior. Eugénio Fonseca não considera drástica a diminuição das dádivas, mas sustenta que estas verbas "são extremamente importantes para o apoio diário aos pobres, que têm aumentado" no país.

Por detrás destes resultados não estará a crise económica que o país atravessa nem a falta de generosidade dos portugueses, mas sim a dificuldade em conseguir voluntários que façam a recolha dos donativos, segundo presidente da entidade. "São sempre pessoas da nossa confiança que fazem o peditório, com toda a boa vontade, mas muitos acabam por desistir porque é um trabalho bastante difícil", observou.

Os voluntários contactam com todo o tipo de pessoas nas ruas, e por vezes, são tratados com agressividade: "Quando as pessoas não querem fazer um donativo, para aliviar a sua consciência fazem comentários desagradáveis".

Em resultado, os voluntários "chegam ao fim do dia com o sentimento que fizeram o seu trabalho, mas extremamente desgastados emocionalmente porque é uma tarefa violenta", comentou. Por outro lado, Eugénio Fonseca salienta que os portugueses são normalmente "muito generosos" em resposta aos peditórios para causas muito concretas, como foi o caso das vítimas das cheias em Moçambique e, mais recentemente, no Sueste Asiático.

A Cáritas Portuguesa recebeu para as vítimas do tsunami cerca de quatro milhões de euros (a campanha terminou segunda-feira), enquanto que para Moçambique foram enviados 1,6 milhões em donativos. Só através da Cáritas, os portugueses contribuíram com 736 mil euros para Timor-Leste e com 882 mil euros para Angola. Em 2003, também recolheu 2,4 milhões para as vítimas da calamitosa vaga de incêndios ocorrida no país.

Eugénio Fonseca considera que estes números "comprovam a generosidade que caracteriza o povo português", mas receia que a diminuição de receitas nos peditórios nacionais, em que as causas "são mais difusas", venha reduzir o apoio aos desfavorecidos.

A Cáritas "lida diariamente com situações dramáticas de pobreza, de pessoas que pedem dinheiro para comprar alimentos ou medicamentos, para pagar uma renda quando enfrentam uma situação de despejo", descreveu.

No domingo, Dia Cáritas, as ofertas de dinheiro nas missas vão também reverter a favor da entidade. Numa mensagem divulgada pelo bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. José Alves, presidente da Comissão Episcopal da Acção Social e Caritativa, o prelado sensibiliza a população para os valores da partilha e da solidariedade.

 

Data de introdução: 2005-03-01



















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