O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) e o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) estão em conflito. A medida anunciada por José Sócrates no dia da tomada de posse do seu Governo não é consensual entre Aranda da Silva, que multiplica as críticas, e Pedro Nunes, que considera as posições deste «impróprias».
Aranda da Silva, bastonário da OF, diz que a medida anunciada por José Sócrates, no sentido de retirar a exclusividade às farmácias da venda de medicamentos de receita médica não obrigatória, é «um perigo para a saúde pública», acusando a OM de «cinismo cúmplice» com os «lóbis dos hipermercados, gasolineiras e de algumas multinacionais de medicamentos», assinala o Correio da Manhã.
Pedro Nunes, bastonário da OM, diz que estas palavras são «mal-educadas e impróprias para um dirigente de uma ordem profissional». «A OM não tem parte na venda de medicamentos e se o bastonário dos farmacêuticos se sente prejudicado com o anúncio feito pelo primeiro-ministro, então que leve o assunto a quem de direito e que deixe os médicos fora da discussão», disse ao Correio da Manhã.
Pedro Nunes diz que não faz qualquer sentido falar em perigo para a saúde pública, apenas porque quem atende o consumidor é um farmacêutico que trabalha por conta de outrem. «Surpreende-me que o Dr. Aranda da Silva venha a público defender os dois mil farmacêuticos que são proprietários, e se esqueça dos 12 mil que trabalham para outros e que não deixam de ter, por isso, a mesma ética», assinala o bastonário da OM.
Pedro Nunes considera que o problema é meramente económico e reafirma a posição dos médicos, a favor da venda livre deste tipo de medicamentos, desde que dispensados na presença de um farmacêutico. «Afinal estamos a falar de fármacos que não têm necessidade de qualquer prescrição técnica. Aquilo que nos preocupa, enquanto médicos, é a saúde e não o dinheiro», remata.
Por sua vez, os farmacêuticos não têm dúvidas e afirmam que a venda de medicamentos fora das farmácias acarreta riscos como o aumento do consumo. No entanto, esta é uma prática comum em países como o Reino Unido, a Irlanda ou os EUA. «Se em países como os EUA, com um sistema de saúde dos mais desequilibrados do Mundo, é que está desregulamentada a venda de medicamentos, como também têm livre a venda de armas», argumenta o bastonário da OF. A Associação de Defesa do Consumidor acredita que a medida facilitará a acessibilidade aos medicamentos e comportará uma descida dos preços. Aranda da Silva contesta.
No entanto, em várias frentes a medida é apoiada: a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição considera que Sócrates teve «coragem política»; a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis considera que as lojas das bombas têm condições para vender medicamentos; os comerciantes de produtos alimentares querem que a venda se estenda ao pequeno comércio.
Fonte:/smaller>/color>/fontfamily> /smaller>/color>/fontfamily>Fábrica Conteúdos - 22-03-2005/smaller>/color>/fontfamily>
Data de introdução: 2005-03-30