Metade da população portuguesa vê mal e são cada vez mais os que precisam e não têm cuidados oftalmológicos no Serviço Nacional de Saúde, segundo o Programa Nacional para a Saúde da Visão.
O Programa foi aprovado em Janeiro último e está a ser distribuído pela Direcção Geral da Saúde (DGS) às Administrações Regionais de Saúde e serviços prestadores de cuidados de saúde.
Segundo o documento, "as necessidades não satisfeitas em cuidados oftalmológicos têm aumentado em Portugal", apesar da "evolução da técnica em geral e das ciências médicas em particular" permitirem "evitar, em elevado número de pessoas, não apenas a diminuição da acuidade visual, como também a cegueira".
"As doenças dos olhos e do sistema visual são extremamente frequentes na população em geral, sendo o envelhecimento progressivo da população portuguesa um dos factores que mais contribuiu para esta situação", lê-se no documento.
No Programa é traçado um diagnóstico à visão dos portugueses, baseado em vários estudos que estimam que "cerca de metade da população sofra de alterações da visão, desde a diminuição da acuidade visual até à cegueira".
Outro dado indica que um quinto das crianças e metade da população adulta portuguesa sofrem de erros refractivos (miopia, hipermetropia e astigmatismo) significativos. Os estudos revelaram que cerca de metade das pessoas com cegueira está em plena idade produtiva.
Mais de um terço dos diabéticos nunca foi examinado ou não é examinado regularmente por um oftalmologista e há perto de 15 mil diabéticos em risco de cegar por retinopatia e maculopatia diabéticas. A maioria destes casos, segundo o documento, poderia ser prevenida ou tratada através de tratamentos específicos.
Os estudos consultados para o Programa Nacional para a Saúde da Visão indicam que as doenças da córnea (uma membrana espessa e transparente situada na parte anterior do olho) são responsáveis por cerca de 210 mil casos de diminuição da visão e por cerca 1.300 casos de cegueira.
Apontam ainda que cerca de 170 mil pessoas sofrem de catarata, sendo que seis em cada dez pessoas com mais de 60 anos apresentam sinais desta doença. Por seu lado, cerca de 200 mil pessoas apresentam hipertensão ocular, das quais um terço sofre de glaucoma, enquanto perto de 6.000 pessoas sofrem de cegueira irreversível por glaucoma.
O glaucoma - doença do olho caracterizada por um aumento de pressão intra-ocular que aumenta a dureza do globo e provoca a diminuição da acuidade - tem uma evolução para a cegueira que pode, em muitos casos, ser "prevenida através de assistência oftalmológica adequada".
Cerca de 300 mil pessoas sofrerão de ambliopia e estrabismo. Os autores do programa consideram que o país se encontra "perante um problema de saúde pública que urge combater e cuja magnitude requer medidas planeadas a nível nacional que atravessem todo o sistema prestador de cuidados de saúde".
Data de introdução: 2005-04-05