Uma Carta elaborada por mulheres e que exige respeito pelos direitos e liberdades e condena a exploração, a intolerância e as exclusões está a percorrer meia centena de países, tendo chegado domingo a Portugal.
A Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade é acompanhada por uma Manta de Solidariedade, para a qual cada país contribui com um quadrado de tecido, representando os valores que a missiva defende.
O pedaço de tecido português que vai ser cosido à manta é da autoria da estilista Ana Salazar, como explicou à Agência Lusa uma das organizadoras em Portugal da iniciativa, Sandra Silvestre, da direcção da organização não governamental (ONG) Acção para a Justiça e Paz (AJP).
A AJP começou internacionalmente em 1923, durante a primeira guerra mundial, e em Portugal existe desde 1973, mas só foi reconhecida em 1986. A iniciativa da Carta e da Manta começou há dois meses, a 8 de Março (Dia Internacional da Mulher), em S. Paulo, no Brasil, e vai percorrer 53 países até chegar ao Burkina Faso, a 17 de Outubro.
Até agora já percorreu vários países da América do Sul. A Carta foi adoptada em Dezembro de 2004 em Kigali, no Ruanda, pelas delegadas da "Marcha Mundial das Mulheres", uma rede mundial de acções feministas que reúne 5.500 grupos de 163 países e territórios que lutam para eliminar a pobreza e a violência contra as mulheres.
A Carta das Mulheres apresenta 31 sugestões para um mundo melhor, sem exploração, opressão, intolerância ou exclusões, baseado na Igualdade, Liberdade, Solidariedade, Justiça e Paz. À passagem da Carta por cada país, como vai acontecer em Portugal, mulheres de várias organizações preparam acções para difundir o conteúdo do documento. Em Portugal, de 15 a 19 de Maio, a Carta e a Manta estarão em Lisboa, seguindo para Coimbra e para o Porto e para Caminha, onde passará para Espanha, no dia 20, pelas mãos de uma mulher.
Porque vem de Itália, a Carta chegará hoje a Lisboa por via aérea, mas será sempre entregue e recebida por mulheres. Nove organizações e cerca de 50 pessoas estarão envolvidas nas acções nacionais. "Somos todos de ONG, não partidários e apolíticos, mas a Carta é obviamente uma exigência política de um mundo diferente", disse Sandra Silvestre.
A Carta explica que a Marcha Mundial das Mulheres "identifica o patriarcado como o sistema de opressão das mulheres e ocapitalismo como o sistema de exploração de uma imensa maioria de mulheres e homens por uma minoria". Estes sistemas "fundamentam-se e articulam-se com o racismo, o sexismo, a misoginia, a xenofobia, a homofobia, o colonialismo, o imperialismo, a escravatura e o trabalho forçado", acrescenta.
Na Carta, as mulheres propõem construir "um outro mundo, onde a exploração, a opressão, a intolerância e a exclusão não existem mais, onde a integridade, a diversidade, os direitos e as liberdades de todas e de todos são respeitada".
Conheça o texto da carta, na íntegra
Data de introdução: 2005-05-20