Ora cá está um excelente formato de comunicação televisiva, a reportagem de rua, para, na forma de uma simples pergunta, simulando diversas situações de vida, costumes e valores, confrontar a opinião pública com as distintas formas de reagir!
Programas como este demonstram que a comunicação social presta um verdadeiro “serviço público”, sempre que se preocupam mais em prestar atenção à voz do povo, a “opinião pública”, e menos, em serem a voz dos donos quando pretendem induzir os leitores e/ou telespetadores e ouvintes a sujeitar-se aos ditames da “opinião publicada”!
Aliás, os fóruns que, recorrentemente, ocupam um espaço privilegiado nas rádios e televisões, representam uma outra forma de participação cívica dos cidadãos, que deveria aconselhar quem toma decisões, aos mais variados níveis, a prestar mais atenção à “voz do povo”.
Admitindo que a Instituição, em que cada leitor do SOLIDARIEDADE trabalha, fosse convidada a sugerir temas/situações para merecerem uma reportagem para a rubrica “…e se fosse consigo?”, que sugestões seriam dadas?
Permito-me, a título de exemplo, apresentar algumas interpelações que deveriam merecer uma atenção especial.
Assim:
O drama de imensa gente, sobretudo pessoas idosas, em situação de doença, pobreza e solidão que, após tratamento em hospitais, o que mais receia é a alta hospitalar por não ter nem casa nem gente para a ajudar na convalescença. É uma realidade que acontece com muita frequência em quase todos os hospitais, com honrosas exceções de alguns, onde existe o cuidado de não enviar as pessoas para casa, enquanto o serviço social não encontrar alternativa.
Já agora, e apesar do bom e profissional atendimento nas lojas do cidadão, concentrando num só espaço respostas a muitas exigências administrativas próprias da nossa condição de cidadãos, uma boa reportagem a gente que se manifesta, por um lado, revoltada com certas faturas de alguns serviços, que considera elevadas e desproporcionadas às despesas feitas e, por outro, impaciente por ter de perder tanto tempo em filas de espera, poderia ajudar-nos a perceber que, apesar dos méritos do simplex, há objetivas razões de queixa por muitas práticas administrativas de faturação pouco transparentes de alguns serviços e algumas empresas!
Por fim, mas não menos importante: vai sendo tempo de não nos resignarmos a considerar o drama do desemprego, apenas numa perspetiva de leitura dos dados estatísticos que o INE nos vai apresentando. Por detrás dos números estatísticos há dramas de centenas de milhar de pessoas que o país não pode esquecer. Para quando uma boa reportagem sobre as causas de tanto desemprego e uma interpelação ao Governo e às Empresas procurando saber que iniciativas se poderão tomar para garantir ao maior número possível de cidadãos o “direito ao trabalho” (ponto 1 do artigo 58º da Constituição da República).
Pe. José Maia
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