“Cuidar das demências é necessariamente uma tarefa do Estado”, afirmou Souto Moura, Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, numa mesa redonda sobre a perspetiva legal e respostas jurídicas integrada no 1.º Congresso Internacional «Demências e Paliativos: caminhos...», que decorreu no Parque de Exposições de Braga.
O evento, organizado pela Fundação Domus Fraternitas, em colaboração com a F3M e a Câmara Municipal de Braga, reuniu durante dois dias centenas de profissionais de saúde, técnicos, políticos e cuidadores.
O Juiz Conselheiro afirmou ainda que “não há dúvida nenhuma de que os particulares e as associações privadas são quem tem feito o principal acompanhamento dos que necessitam e sofrem destas doenças”, destacando ainda o facto de ser necessária uma resposta pública e integrada, por parte do Estado para esta problemática.
Abordando a atual situação legislativa existente em Portugal, Souto Moura mostrou-se otimista em relação a alterações em breve na legislação portuguesa, que permitam um novo enquadramento transversal no diagnóstico, apoio, tratamento e enquadramento das demências.
Por seu turno, Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga, abordou o papel da família e dos cuidadores no acompanhamento destas doenças. O prelado defendeu que “é importante dar um passo em frente para tomar consciência que a realidade da demência existe e está ao nosso lado”.
“A demência existe e é necessário tomar consciência dessa realidade, como algo que faz parte da vida humana”, sustentou, finalizando: “É preciso assumir também a necessidade de cuidar dos cuidadores. A doença é muito esgotante e é preciso que haja um cuidado particular com os cuidadores”.
Na sessão inaugural desta conferência, o presidente do congresso, Hermínio Araújo, referiu o facto de a iniciativa reunir “alguns dos principais especialistas nacionais e internacionais, assim como as principais entidades relacionadas com estas problemáticas a fim de dar algumas diretrizes daquelas que poderão ser algumas práticas a ter em conta nos casos de doentes de Alzheimer e outras demências bem como os seus cuidadores”.
O padre Vítor Melícias, presidente do Conselho Fiscal da Fundação Domus Fraternitas, referiu que “é cada vez mais urgente e bem-vindas para o mundo moderno todas as iniciativas que permitam aprofundar o diagnóstico, causas, diversidade, prevenção, acompanhamento e tratamento”.
Durante dois dias, profissionais de saúde, técnicos, estudiosos, políticos, legisladores e familiares de pessoas com algum tipo de doença ao nível das demências deram a conhecer projetos, metodologias, soluções e ainda alguns dados sobre a incidência deste tipo de patologias.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, que prevê um crescimento exponencial de doenças relacionadas com demência, atingindo no ano de 2050 um pico de cerca de 140 milhões de pessoas afetadas, torna-se primordial fazer frente a este flagelo que, cada vez mais, vai afetando a população mundial.
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