As mulheres ganham em média 15% menos do que os homens nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, "um obstáculo importante para um crescimento económico inclusivo", segundo um estudo da OCDE.
Uma trabalhadora a tempo inteiro ganha em média menos 14,3% por mês do que um trabalhador, uma diferença que quase não registou alterações nos últimos anos na zona da OCDE, indicou a organização, num relatório intitulado "Atingir a igualdade mulheres-homens: um combate difícil", elaborado com base em números de 2015.
A Índia (56%), a África do Sul (41%) e a Coreia do Sul (37%) são os três países onde a diferença é maior. No fim da lista, com uma diferença inferior a 4%, figuram a Costa Rica, o Luxemburgo e a Bélgica.
Em 2010, no conjunto da OCDE a diferença salarial era de 14,6%.
"Houve poucos progressos nos últimos cinco anos e as desigualdades persistem entre mulheres e homens em todos os domínios da vida social e económica", refere o estudo, que foi apresentado em Paris.
Nos países da OCDE, as jovens estudam mais tempo do que os jovens, mas ainda em áreas menos lucrativas como ciências, tecnologias, engenharia e matemática.
Os empregos ocupados por mulheres são "muitas vezes de menor qualidade", "garantem uma proteção social limitada" e são "sinónimo de precariedade", acrescenta o relatório.
As mulheres também estão sub-representadas, por exemplo, em cargos de direção no setor público e político, ocupando em média um terço dos lugares nos parlamentos de países da OCDE.
"Nenhum país do mundo conseguiu instaurar a paridade. Mesmo nos mais igualitários continuam a ser registadas lacunas inquietantes entre homens e mulheres. Estas desigualdades (...) constituem um obstáculo importante para um crescimento económico inclusivo", afirma a organização.
As mulheres assumem ainda o essencial das tarefas domésticas e de cuidar dos filhos, estando Portugal entre os países da OCDE onde a maior parte desse trabalho "não remunerado" está a cargo de mulheres, a seguir à Coreia do Sul, Japão e México e antes da Turquia e Itália.
"O envolvimento dos pais na tarefa de cuidar dos filhos é essencial para que as mulheres tenham a possibilidade de participar plenamente no mercado de trabalho, na sociedade e na economia", defende o relatório.
Segundo a OCDE, mais de metade dos países da OCDE propõem uma licença de paternidade remunerada com uma duração mínima de vários dias e são cada vez mais os que reservam uma parte desta licença parental só para os pais, duas medidas consideradas "cruciais".
Não há inqueritos válidos.