O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) considerou que está a haver "um empolamento" de situações no setor social para descredibilizar uma área que é "extremamente importante" e à qual o país "deve muito".
"No caso concreto da Fundação O Século, não sei o que se passa, mas está a haver um empolamento e exploração de situações, o que me parece tendencioso no sentido de descredibilizar um setor que é extremamente importante e a que Portugal deve muito", disse à agência Lusa o padre Lino Maia.
Lino Maia disse temer que "este empolamento leve ao afastamento da comunidade" das instituições, "a uma diminuição do voluntariado e a uma menor solidariedade na sociedade", uma situação que considera grave.
Estas situações "mancham o setor e desmobilizam uma comunidade que é de facto solidária", sustentou.
Defendeu, contudo, que os casos que merecem denúncia "devem ser tratados sem contemplações".
"Mas são casos muito, muito esporádicos", sublinhou o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade.
"O geral é ótimo e é da bondade deste setor que devemos falar", disse Lino Maia, vincando que o setor social é "a expressão do povo português, um povo solidário, que se envolve" para resolver problemas.
Questionado pela Lusa sobre se chegam à CNIS denúncias de irregularidades em instituições, Lino Maia disse que "muito raramente", explicando que a função da confederação não é de fiscalizar as instituições particulares de solidariedade social.
Segundo o presidente da CNIS, existem cerca de 5.000 instituições de solidariedade no país, das quais 2.950 estão filiadas nas CNIS, que são responsáveis por cerca de 200 mil trabalhadores e beneficiam diretamente 600 mil utentes.
"Temos instituições desde a aldeia mais recôndita de Bragança até à mais ocidental da ilha das Flores, nos Açores", disse, defendendo que é preciso "favorecer este interesse de cada um por todos e todos por cada um".
"Só assim é que o país poderá progredir" e proporcionar igualdade de oportunidades para todos com o envolvimento da comunidade, rematou.
A Polícia Judiciária esteve na quinta-feira nas instalações da Fundação O Século a realizar buscas, por suspeitas de crimes económico-financeiros cometidos por alguns elementos, disse à Lusa fonte policial.
Mais tarde o Ministério Público esclareceu que na origem das buscas estiveram suspeitas da prática dos crimes de peculato e de abuso de poder, de 2012 até hoje.
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