Quem imaginaria que, no início do século XX, o homem chegaria à Lua? Quem imaginaria, há 40 anos, que as telecomunicações revolucionariam a forma como os seres humanos comunicam hoje entre si? Nas últimas duas décadas, o número de pessoas ligadas pela internet passou de meio bilião para cinco biliões.
Perante estes sinais de progresso é muito difícil aceitar que a humanidade não consiga debelar tão e tantas gritantes desigualdades que, em vez de serem reduzidas, aumentam todos os dias.
E os sinais são preocupantes. Se velocidade e a escala vão ser as pedras angulares do século XXI, então a chamada economia digital vai estar cada vez mais presente em tudo que mexe, nas empresas, nas instituições, sejam elas públicas ou privadas, e nas nossas casas. Como consequência, é de prever que, no que respeita ao mercado de emprego, cerca de metade das profissões serão em grande parte computorizadas, embora com intensidade diferente, dumas áreas para outras.
Esta evolução irá permitir o surgimento de muitas oportunidades, de novos empregos e aumentos significativos de níveis de produtividade em setores intensivos em conhecimento.
Mas esta evolução também vai ter consequências sociais.
Dado que os novos empregos criados pela evolução tecnológica vão exigir níveis de qualificação muito elevados, por isso bem pagos, há que contar com o reverso da medalha e que tem a ver com disrupções sociais decorrentes do aumento das desigualdades.
Esta evolução apresenta aspetos muito preocupantes, porque ao mesmo tempo que vamos assistindo a revoluções tecnológicos de todo o tipo, cada vez mais impressivas, a tendência é para que aumentem as desigualdades, a exclusão e a pobreza.
Esta contradição civilizacional vai ter consequências. É sabido que as desigualdades têm um impacte negativo na coesão das sociedades, mina a confiança, reduz as oportunidades e a mobilidade social.
Esta evolução vai seguramente acarretar consequências para as Instituições Particulares de Solidariedade Social, que terão de descobrir novas formas e metodologias adequadas para lidar com esta nova e desafiante realidade.
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