O conceito que no século XX mais influência teve na economia global, no mundo do trabalho e na vida dos cidadãos foi a globalização. Embora não tenha sido a primeira experiência do tipo à escala planetária foi seguramente a que teve o maior impacte em todos os tempos e a que gerou transformações mais generalizadas.
O século XXI começou com o advir do conceito da inovação que, em larga medida, só acontece porque houve globalização. A inovação, especialmente na tecnologia, assumiu-se como um movimento que apresenta uma cadência cada vez mais intensa e é, sem dúvida, o fator mais determinante na competitividade das empresas, nas economias, no mundo do trabalho, nas nações, na organização das instituições e na sociedade em geral.
As transformações geradas pela corrida à inovação são cada vez mais claras e a todos os níveis. A nível global, a China afirma-se de modo crescente devido ao domínio que demonstra possuir nas novas tecnologias e, a breve prazo, e devido a esse fator, será a maior potência mundial.
Mas é nas instituições e nas organizações que as consequências do movimento da inovação são mais visíveis e que estão a marcar uma rotura com o passado. Fomos habituados a ver as instituições, sejam públicas ou privadas, organizadas em forma de departamentos e, cada uma delas, organizada de forma hierárquica e vertical. O movimento da inovação veio alterar essa forma tradicional de organização, porque tudo o que nasce como resultado da inovação resulta da interação entre várias áreas de saber, várias especialidades que, anteriormente, nem contacto tinham entre si e que hoje funcionam articuladamente.
O fenómeno da inovação colocou assim o conceito associado à ideia de fronteira, cada vez mais obsoleto. Mesmo as fronteiras físicas entre países tendem a significar cada vez menos, porque, por exemplo, tudo que é associado à ciência e à investigação não conhece distâncias, nem latitudes.
Esta evolução e a velocidade com que acontece, tem consequências, desde logo na organização das instituições, incluindo os aparelhos dos Estados e na forma de fazer política. Estamos no tempo em que tudo influencia tudo. Estamos no tempo em que o isolamento significa declínio. Estamos no tempo em que estar só é a via mais direta para a insignificância ou mesmo para o desaparecimento.
As políticas públicas podem ser concebidas e “arrumadas” por setores, seja ambiente, saúde, infraestruturas, relações externas, segurança, defesa, justiça, finanças, agricultura, ordenamento do território, educação, etc., mas nunca como hoje se tornou tão necessária uma coordenação eficaz entre essas políticas.
Neste novo tempo, a conetividade é, por isso, condição de sobrevivência de qualquer instituição.
Maia, 3 de outubro de 2019
José A. da Silva Peneda
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