Com o intuito de traçar um retrato da situação das IPSS a nível nacional perante a pandemia do novo coronavírus, fica o testemunho dos responsáveis pelas diversas estruturas intermédias da CNIS.
Assim, aos dirigentes das Uniões Distritais e das federações da área da Deficiência que integram a CNIS foram colocadas duas questões sobre o momento atual.
NUNO FARINHA, UDIPSS Beja.
1 – Que balanço faz da pandemia nas IPSS do distrito?
"No distrito de Beja, a pandemia até ao fim de abril tem registado poucos casos positivos nas IPSS, no entanto, há a lamentar uma vítima em ERPI. Ainda assim, de modo geral, as instituições, com as suas limitações quer de recurso humanos, quer financeiros, têm efetuado um esforço para que tudo corra pelo melhor. Naturalmente, todas colocaram em prática os seus respetivos planos de contingência, o que até ao presente momento parece estar a dar resultado. De salientar o apoio da comunidade em geral, a qual tem manifestado solidariedade para fazer face ao momento que atravessamos, nomeadamente através do apoios dos Municípios (apoios pagamento água, doação de EPI, adiantamento de subsídios anuais protocolados, apoio na desinfeção de equipamentos sociais, apoio em transportes entre outros), assim como por parte do Centro Distrital de Segurança Social e de toda a sua equipa e ainda de iniciativas de angariação de fundos por parte de entidade privadas e públicas. Neste final de abril já se encontra em curso a realização de testes nas ERPI do distrito, sendo que até ao momento todos com resultado negativo".
2 – Como perspetiva o futuro próximo?
"Importa referir que é com grande apreensão que vemos o início do desconfinamento, em particular nos esquipamentos Creche e Pré-escolar, dado que a informação ainda é escassa. Naturalmente, vai exigir um esforço muito grande por parte das instituições, esforço tanto a nível organizacional como financeiro, dado que para colocar em prática eventuais medidas, resultará sempre um acréscimo de despesa, a qual pode não ter respetiva comparticipação assegurada. Embora os acordos de cooperação já tenham sido atualizados nas respostas típicas, ainda falta atualizar os acordos atípicos. A percentagem do aumento, apenas cobre parte do aumento dos salários ocorridos em janeiro por força do aumento do salário mínimo, pelo que, com o aumento de despesas em muitas instituições e simultaneamente com corte nas receitas, espera-se um maior sufoco das instituições em geral. Também de salientar que várias IPSS do distrito têm outras respostas, as quais, por força da pandemia, têm que dar respostas alimentares ou apoios pecuniários. Nota-se claramente o aumento dos pedidos de apoio alimentar. Nos próximos meses, o número de beneficiários que recebem POAPMC vai crescer na ordem dos 100%, com as IPSS a terem, mais uma vez, um papel fundamental neste programa. De notar também que as IPSS têm um papel de relevo no apoio a imigrantes, que por força da crise estão muitos sem emprego e que precisam de ajuda e não podem ser esquecidos. As instituições estão a preparar-se para o futuro com muitas reservas. Resta-nos aguardar, cumprindo com as nossas obrigações e esperar que a sociedade proceda em conformidade".
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