Com o intuito de traçar um retrato da situação das IPSS a nível nacional perante a pandemia do novo coronavírus, fica o testemunho dos responsáveis pelas diversas estruturas intermédias da CNIS.
Assim, aos dirigentes das Uniões Distritais e das federações da área da Deficiência que integram a CNIS foram colocadas duas questões sobre o momento atual.
HELENA ALBUQUERQUE, Humanitas.
1 – Que balanço faz da pandemia nas IPSS do distrito?
"A Humanitas – Federação Portuguesa para a Deficiência Mental agrega mais de 30 IPSS que apoiam pessoas com deficiência mental com uma grande abrangência de fases etárias: desde os mais pequeninos na Intervenção Precoce e nas Creches até aos Lares Residenciais que apoiam, na sua maioria, pessoas com deficiência mental em idade avançada. Como tal, a vivência desta crise pelas nossas associadas tem contemplado múltiplos aspetos consoante a valência a que nos estamos a referir. Talvez gostasse de salientar o que se tem passado nos Lares Residenciais para pessoas com deficiência, onde a dedicação, o empenho e a coragem dos colaboradores têm constituído um fator comum e tranversal em todas as nossas Associadas. Têm-se vivido momentos únicos de amor por todos partilhado cujas recordações ficarão na memória de cada um de nós e na história de cada IPSS. Apesar dos cuidados que todas as nossas associadas tiveram relativamente aos perigos de contágio por Covid-19, em grande parte delas foram sinalizados casos positivos, mas que foram desde logo tratados adequadamente não existindo nenhum historial de disseminação em nenhuma das nossas instituições".
2 – Como perspetiva o futuro próximo?
"Quanto ao futuro próximo, este é visto com uma perspetiva otimista neste sector, pois, mais do que há dois meses, estamos neste momento preparados para encarar uma segunda vaga e talvez uma terceira... quem sabe? Nesta preparação continuamos a contar com a tutela para certos aspetos mais práticos e de índole mais financeira (como, por exemplo, o elevado custo das medidas de desinfeção e de proteção de contágio não pode ser arcado pelas IPSS) e com outros financiamentos privados e públicos que nos permitam colmatar algumas falhas que detetámos na comunicação à distância com as famílias (por exemplo, é urgente a instalação de internet e a aquisição de alguns meios informáticos mesmo em famílias mais carenciadas). Por outro lado, vemos a decisão de abrir a 18 de maio com muito desagrado e desconforto. Nunca pensámos que o Governo tomasse uma posição destas relativamente a uma área que é altamente vulnerável, não apenas porque muitos destes jovens têm uma grande vulnerabilidade a nível de saúde, como pelo contágio, porque é uma população que não consegue entender as medidas de isolamento e distanciamento social. Mesmo 1 de junho seria cedo. Grande parte dos colaboradores dos CAO estão a dar apoio nos lares, pelo que não temos as condições mínimas para abrir os centros de atividades. Isto demonstra um desconhecimento completo do terreno e do que se está a passar nas instituições associadas à deficiência".
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